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Jean Carlos dos Santos

1976 - 2020

Não gostava da desigualdade social: para ele, todos somos iguais.

Gostava de uma boa pescaria. Tanto que até ganhou medalhas e troféus. Homem de hábitos e vida simples, Jean Carlos teria sido motorista se não fosse eletricista, conta seu irmão Jeânio.

"Para ele, o futuro era simples. Que o amor pudesse prevalecer. Se amarmos uns aos outros, jamais faremos mal ao próximo." Evangélico, Jean Carlos era presbítero em sua igreja. Gostava de música gospel e de cantores cristãos. Casado, tinha duas filhas.

"Não gostava da desigualdade social", prossegue seu irmão. "Para ele, somos todos iguais." Não se conformava com essa sociedade "onde poucos têm muito e muitos têm pouco. Não gostava de ver as pessoas humilhadas porque nada têm".

Torcedor do Flamengo, assistia aos jogos berrando como se estivesse no estádio. Gostava de lasanha. Não gostava da própria barriga. Usava preto, branco, azul e cinza. Alegrava-se com pouca coisa. Não demonstrava ter medo de nada. Pessoas simples o encantavam. As arrogantes o aborreciam. Orgulhava-se de sua capacidade de ajudar as pessoas.

Seus maiores educadores foram seus pais, continua Jeânio, para quem Jean Carlos certamente gostaria de ser lembrado pelas "coisas boas que fizemos, pelas resenhas de família, pelas viagens e principalmente pelo ser humano que ele foi: exemplo de pai, filho, irmão e esposo".

Jean nasceu em Gandu (BA) e faleceu em Ubatã (BA), aos 44 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo irmão de Jean, Jeânio Carlos dos Santos. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Joaci Pereira Furtado, revisado por Joaci Pereira Furtado e moderado por Rayane Urani em 1 de setembro de 2020.