1962 - 2020
Mantinha o celular sempre carregado, pois usava o aparelho exclusivamente para ouvir músicas.
Ele era alegre, extrovertido, achava e fazia graça de tudo. Talvez por essa forma de ser, tornou-se muito conhecido pelo apelido de Chacrinha.
Foi casado uma única vez, com Cláudia, mãe de seus três filhos — Flávio, Fabiana e Maura —, que lhe deram seus sete netos. Para cada um deles ele tinha uma forma carinhosa de chamar: Ana Flávia era Negrinha; Lucas era Lucão; Pedro, Pedrinho; Larissa era a Branquelinha; Luís, Luisinho; Davi, Branquinho e Jonas, Pretinho. Amava esses netos à sua maneira, sem “melação”, mas, tudo o que um deles recebia, todos recebiam igual ou no mesmo valor, porque dizia que todos tinham a mesma importância para ele.
Era um homem muito trabalhador. Ajudava o pai desde criança e, depois de casado, continuou a trabalhar na lavoura para criar os filhos. Com sacrifício, pôde dar-lhes um pouco de dignidade e bons exemplos. Seu último emprego foi como funcionário público na Secretaria de Obras da prefeitura de Santa Rita do Sapucaí.
Foi um homem muito justo: a ponto de construir uma casa nos fundos da sua para amparar a ex-esposa, pois eram amigos e cuidavam um do outro. Estava sempre disposto a ajudar os filhos e continuava fazendo isso mesmo depois de estarem casados. Dois anos antes de sua morte, ainda ajudou a filha Fabiana a construir sua casa.
Era um bom pai, bravo e sistemático, mas também muito amoroso e capaz de abrir mão do que fosse necessário pelos filhos. Foi assim que, numa fase crítica da vida familiar, renunciou ao vício de fumar porque o dinheiro não era suficiente para comprar o pão e o cigarro... E escolhas como essa, ele fez ao longo da vida toda!
Conta Fabiana: “Ele era um homem hígido, cheio de vida e dizem que me pareço com ele. Era dono dos lábios mais desenhados que já conheci e tive a sorte de herdá-los: ao me olhar no espelho, vejo sempre os lábios dele refletidos nos meus. Sua maior qualidade era a honestidade. Seu último pedido a mim, minutos antes de entrar na ambulância, foi para que não deixasse sujar o seu nome, que quitasse as dívidas pendentes, pois ele tinha pavor só de pensar nisso”.
Muito ligado à família, amava a irmã Vitalina e seu sobrinho Thiago, e adorava visitar os filhos. Gostava de ouvir música e estava sempre com o rádio ligado, a qualquer hora do dia. Não usava celular, mas carregava o aparelho exclusivamente para ouvir música. Bom garfo, não tinha frescura e comia de tudo.
Com sua partida, seus filhos vivem uma eterna saudade. Mesmo sem entenderem os enigmas da vida, têm aceitado a vontade de Deus e tentado sobreviver à sua dor. Eles esperam e torcem para que o maior número possível de pessoas possa receber a vacina que seu pai não teve a oportunidade de desfrutar.
Jésus nasceu em Santa Rita do Sapucaí (MG) e faleceu em Santa Rita do Sapucaí (MG), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Jésus, Fabiana Lopes Andrade. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 15 de janeiro de 2022.