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João Alberto da Trindade Neto

1986 - 2021

Dedicava-se ao próximo com maestria e em cada contato deixava um tanto de si e levava um pouco do outro.

Ele era de poucas palavras e sábio ao se expressar. Sua calma e paciência dividiam espaço com inteligência e persistência — qualidades que garantiam a admiração daqueles que o conheciam. Sabia escutar as pessoas, gostava de aprender e ainda que não entendesse do assunto, interessava-se genuinamente pelo diálogo, pelas experiências dos outros, por lugares e pessoas.

Tinha um gosto musical bastante peculiar: escutava música clássica, africana, escocesa, MPB e forró. Acabava apreciando todo tipo de música, o que soava engraçado para quem o conhecia.

Curioso, mostrava interesse pelos mais diversos assuntos — dinossauros, aviões, buraco negro —, e por diferentes áreas de estudo, como Filosofia, Literatura, Línguas, Medicina, além de Direito, que dominava com muita propriedade.

“Estar perto de João era estar na sua melhor versão, pois ele arrancava o melhor de cada pessoa”, revela a namorada, Niedja. "Os amigos diziam que ele era 'engraçado, sábio, determinado, e também inspirador, por seu caráter e sua índole'".

"Ele me escutava encantado, com os olhos brilhando, enquanto eu falava sobre forró e futebol. E quando o que eu dizia não estava correto, ele encontrava uma maneira de mostrar o certo e de me orientar, mas com todo o cuidado possível", conta Niedja. “João era uma espécie de 'professor de vida' com PhD em relações pessoais”.

O relacionamento entre os dois era baseado em amor, cuidado, transformação, ensinamento e confiança. João pôde agregar seus saberes à vida de Niedja, deixando marcas em suas decisões e no modo de sentir a vida. Querer o bem e não demonstrar sofrimento em momentos difíceis, para preservar a companheira, eram qualidades que faziam parte dessa união.

João tinha a habilidade de extrair o melhor das pessoas. Cuidava dos seus e gostava de estar presente nos momentos difíceis, até em questões rotineiras.

Ser um bom filho e bom irmão também fazia parte de suas principais qualidades. Sempre muito obediente e respeitoso, não contrariava os pais e tinha planos para alcançar seus objetivos na vida e para ajudar sua família. Prezava permanecer ao lado dos pais, preservando os laços de família.

Amigo e companheiro, era o porto seguro de sua namorada. Carinhoso, mostrava seu cuidado nas ligações que fazia durante o dia para saber se ela estava bem e como tinha sido o dia; e aproveitava para cobri-la de elogios — detalhes que marcaram a memória de Niedja e fizeram dele uma pessoa muito especial.

Niedja conclui sua homenagem dizendo: “João era um anjo, ele era bom demais para viver neste mundo”.

João nasceu em Campina Grande (PB) e faleceu em Campina Grande (PB), aos 33 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela namorada de João, Niedja Carla Lima Almeida . Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Hortência Maia, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 19 de setembro de 2021.