1941 - 2020
Altruísta, o amor morava no sorriso largo e no bom humor de Quinta.
Conhecido carinhosamente por Quinta, era carioca. Depois do falecimento da primeira esposa, em 1997, organizou uma viagem para, aos poucos, superar a perda. A convite de alguns amigos, escolheu Fortaleza como destino e foi tão bem acolhido que fez da cidade nordestina seu novo lar. Lá, encontrou Cláudia.
O amor à primeira vista existe, Quinta e Cláudia podem provar. Os dois se conheceram por acaso, e foi o acaso mais bonito que poderia acontecer a eles. Se casaram em 1998 e viveram juntos por vinte e dois anos. Uma união cheia de carinho, companheirismo, e com toda certeza, muito amor.
Quinta poderia ser definido em várias palavras, e uma delas é generosidade. Estava sempre disposto a ajudar qualquer pessoa que precisasse, sempre estendendo a mão a quem dela necessitasse. Amigos, vizinhos, desconhecidos, familiares. Lá estaria ele, sempre à disposição.
Aliás, família era uma coisa muito importante para ele. Teve três filhos, quatro netos e bisnetos. Amava a todos. Amor esse que dividia também com irmãos, sobrinhos, primos e qualquer outro familiar que tivesse e encontrasse por aí. Gostava de receber notícias, ficava preocupado com as questões familiares, adorava quando se reuniam.
Quando a sogra ficou doente e foi morar com ele e Cláudia, os laços dos dois se estreitaram ainda mais. Quinta ajudava cuidando e amando a sogra, que o via como um filho. Cláudia brinca, dizendo que depois do casamento se tornou "ex-filha", pois seu lugar agora pertencia a Quinta. "E sogra lá é parente?", podem perguntar. Para Quinta, era sim. Era apaixonado pela família, fosse ela qual fosse.
Outra palavrinha que poderia muito bem entrar no dicionário como sinônimo de Quinta, era diversão. Estava sempre de bom humor. Adorava divertir o pessoal do supermercado, vivia brincando com os vendedores de alguma loja. Certa vez, foi com Cláudia fazer o orçamento de um colchão. Quando a vendedora perguntou o nome, Quinta disse que se chamava Jesus. A moça, educadamente, perguntou o sobrenome. O casal caiu na risada e pediu desculpas, explicando que tudo não passava de uma brincadeira, e levando a própria vendedora a sorrir também. Quase todas as suas fotos são assim, sorrindo. A marca de Quinta que sempre levava os outros a fazerem o mesmo.
Vaidoso, ia todos os dias à academia. Tinha mania de ajeitar o cabelo, e não gostava que colocassem a mão em sua cabeça. Fazia pequenos consertos na casa de amigos e vizinhos e sonhava com uma casa com bancada, onde tivesse seu espacinho para os reparos que ele tanto vivia fazendo.
Quinta amava o mar. Ficava radiante quando ele e Cláudia tiravam alguns dias para curtir uma pousada, os pés na areia, a maresia no rosto, o som das ondas quebrando. Era apaixonado por esses dias.
Foi a melhor pessoa que conseguiu ser, e as pessoas que o amam foram gratas por essa pessoa. Aqui, todo mundo sente falta do Quinta. Num dia de praia, numa ajeitada de cabelo, num reparo de casa. De lá, Quinta também sente falta, mas não há espaço para tristezas. Nunca houve. Os dias são mais iluminados com sorrisos, têm cara de praia.
João nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela esposa de João, Cláudia Quintarelli. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Phydia de Athayde em 5 de fevereiro de 2021.