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João Bosco

1963 - 2020

Tatuou no peito, junto com os filhos, o apelido da família: Os Boscos.

João Bosco, junto com sua esposa, criou cinco filhos com muita união. Desde crianças, seus filhos são conhecidos como "Os Boscos" no bairro em que cresceram, em homenagem ao pai. Decidiram eternizar o apelido com uma tatuagem no peito, que fizeram junto com João.

Em todas as datas comemorativas, desde o Natal até os aniversários de cada um, os sete estavam sempre unidos. E, mesmo quando não tinha nenhuma data especial, eles inventavam motivo para fazer festa.

Cheio de histórias para contar, seu filho mais novo, Maciel, lembra do pai com muito carinho, rindo das piadas que contava e das besteiras que fazia. Maciel conta que João era muito distraído e que, uma vez, comprou um sapato novo para ir em uma festa e quando chegou ao final estava reclamando de calos nos pés. Foi então que os filhos viram que ele havia calçado os sapatos nos pés errados. Essa história é motivo de risada até hoje na família.

Sempre contava que ele e os filhos eram carecas, porque quando criança, tinha uma trança que teria que cortar aos 8 anos. Dizia que a mãe não cortou a trança, não cumprindo a promessa e por isso todos eram carecas.

Quando era mais novo, gostava muito de nadar. Na época que morou no Piauí, atravessava o Rio Parnaíba nadando. Também gostava de futebol, do seu café bem forte e gostoso, como dizia. Duas coisas que não podiam faltar na cozinha eram a abóbora e o quiabo que, entre outras coisas, gostava de colocar no feijão. Até no Natal João fazia questão de comer seus legumes prediletos.

Conheceu a sua mulher no Maranhão, ao chamá-la para comer o frito no forró. Se casaram aos 16 anos. Durante toda a vida juntos, dançaram forró. Moraram trinta anos no mesmo lugar e, mesmo com suas diferenças, construíram juntos um lar repleto de amor e risadas.

Trabalhou como gari e habitualmente voltava para casa com balinhas para os filhos mais novos. Varria as praças e as ganhava dos comerciantes, sendo assim fonte de alegria para os filhos. Maciel conta que "tem uma balinha de canela em forma de bolinha que ainda hoje quando vejo ou como, lembro dele. O sabor ficou em forma de lembrança. A balinha de canela tem sabor de pai".

Muitas das coisas que passou para seus filhos, aprendeu com seu pai, meu avô, com quem ainda morava. Muito amigos, gostavam de criar galinhas, alimentando-as juntos diariamente. Todas as manhãs, João sentava no portão com ele para pegar Sol, às vezes tinha também a companhia de seus filhos.

Essas e tantas histórias estão marcadas nas vidas de seus filhos, que carregam o nome do pai para sempre ao lado do coração.

João nasceu em Caxias (MA) e faleceu em Brasilia (DF), aos 57 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de João, Maciel Yuri. Este tributo foi apurado por Emily Bem, editado por Paula Garcia Corrêa, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 11 de dezembro de 2021.