1941 - 2020
"Ando devagar, porque já tive pressa!", dizia às netas quando falavam de seu vagaroso andar.
João amava colocar apelidos, todos certeiros inclusive. O humor era sempre o melhor possível e as piadas estavam sempre na ponta da língua. E toda essa alegria que ele transmitia era constantemente acompanhada por uma cervejinha gelada e um bom churrasco, o melhor churrasco.
Em tempos em que a honestidade não é regra, João foi um policial honesto. Foi comissário na Polícia Civil até os 70 anos e só parou de trabalhar devido à aposentadoria compulsória. Por ele, continuava ativo.
Sua vida não foi fácil. Começou a trabalhar com treze anos de idade. Perdeu a mãe aos dois.
Com sua esposa Cibele, construiu um casamento por sessenta anos e uma família linda. Os amigos, eram muitos.
Mas o seu protagonismo mesmo foi como avô, o melhor avô que Esther e Rebeca poderiam ter. João buscava na escola, levava à natação, à ginástica, às festinhas, ia à praia, levava o almoço, fazia de tudo para ver as netas bem. O tempo todo, os três, inseparáveis.
"Formação de quadrilha" era o carinhoso que a filha dava ao trio. Ah, e a gargalhada dele quando estava com elas, era sonora, era de pura felicidade! Conexão que ultrapassou gerações, e que hoje supera o plano da vida.
"Eu só queria ouvir sua voz e poder falar 'pai!'", afirma com saudades a filha.
Experiente, paciente e amoroso, João, como foi em vida, estará sempre presente para aqueles que o amam, mesmo que não mais fisicamente. Seu legado é de muito amor e alegria, para toda a eternidade.
João nasceu Rio de Janeiro e faleceu Rio de Janeiro, aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.
História revisada por Mariana Coelho, a partir do testemunho enviado por filha Flávia Gouveia Hespanhol, em 21 de maio de 2020.