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Jorge Guilherme Maurício de Lima

1962 - 2021

Era uma pessoa de bem com a vida. Esposo, filho e pai maravilhoso, adorava colecionar amigos.

Jorge era o esposo de Marlete. Eles se conheceram em maio de 1985, logo se apaixonaram e pouco mais de um mês depois começaram a namorar. Eram bem jovens: ele tinha 23 e ela 19 anos. Daí em diante, foram três anos de namoro e trinta e três de um feliz matrimônio. “Como marido ele era tudo o que uma mulher deseja: foi o amor da minha vida e o melhor pai para nossos filhos: Júlio César e Juliana”, conta ela emocionada.

Como pai, Jorge sentia um amor incomensurável pelos filhos. Tinha muito orgulho de Júlio César que, logo após seu falecimento, conquistou algo que era muito almejado pelo pai e que, com certeza, foi contemplado por ele lá do Céu: a convocação para assumir o cargo de Delegado da Polícia Civil.

Juliana, por sua vez, era tratada como uma preciosidade por Jorge! Ela é advogada e o pai estava muito realizado pelos caminhos que a filha havia escolhido. Jorge e Marlete foram avós de Valentina e Davi e ele amava demais os netos! Volta e meia, parava para contar histórias aos pequenos.

A família grande da esposa, de onze irmãos, fazia as reuniões familiares serem a grande alegria de Jorge! Nestas ocasiões, ele sempre organizava todos os preparativos e mantinha-se o tempo todo solícito e acolhedor com os convidados. Eram momentos regados a muito churrasco ou feijoada, música, alegria e cerveja bem gelada.

Profissionalmente, Jorge dividia-se entre o trabalho de técnico de edificações, como funcionário público estadual, e o de professor no município. Ele amava o seu trabalho, sentia-se realizado com as atividades de ambos os cargos e sempre tinha uma novidade para contar a respeito deles. Dotado de extrema inteligência, possuía uma memória invejável, recordava-se com facilidade até dos colegas da época do seu estudo infantil.

Nas horas vagas, exercitava sua veia criativa escrevendo poesias, memórias e histórias da sua genealogia. Amava escrever sobre a vida e as pessoas.

Marlete se recorda das muitas provas de amor que Jorge lhe deu ao longo da vida e conta aquela que jamais se esquecerá: “Em nossa lua de mel, quando chegamos em nossa casa — que já estava toda organizada para nos receber — ele me pegou em seus braços e me carregou no colo desde a rua até a porta do nosso lar. Eu ainda estava vestida de noiva e, naquele momento, tive mais do que nunca a certeza de que seríamos muito felizes!”

Conta também que “ele gostava de músicas antigas, sendo as suas preferidas 'A raposa e as uvas', interpretada por Reginaldo Rossi e 'Como é grande o meu amor por você', do Roberto Carlos. Esta última canção inclusive demonstra bastante do amor que ele sentia por nós e que a gente sente por ele” e ressalta o trecho mais significativo da música:

"Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você
E não há nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você
Nem mesmo o céu nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Nada é maior que o meu amor"!

Marlete encerra sua homenagem a Jorge falando sobre o que aprendeu com ele: “O acolhimento é o maior ensinamento que ele nos deixou. Em tudo que se propunha a realizar havia um respeito e uma dedicação extrema. Além disso, mesmo quando havia percalços, ele os acolhia, para compreendê-los de modo efetivo e para buscar prontamente uma solução. Ele também estava sempre a postos para auxiliar quaisquer pessoas, sobretudo amigos e familiares. Exemplo de filho, marido e pai!”

Jorge nasceu em João Pessoa (PB) e faleceu em João Pessoa (PB), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Jorge, Marlete Maria Batista de Lima. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 8 de abril de 2023.