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Jorge José Alves

1970 - 2020

O anjo da guarda oficial das filhas, que colecionava talentos e cuja gargalhada gostosa sacudia a casa.

Homenagem escrita pela filha Stephania ao seu amado pai:

Jorge José, 50 anos, pai, esposo e filho exemplar. Ele trabalhava como vigilante residencial e nas horas vagas era desenhista, pintor e churrasqueiro.

Dode (como era conhecido), era um homem muito prestativo, sempre estava a disposição para ajudar a quem precisava, era um ser de luz que nos fará muita falta pelo resto de nossas vidas. Ele tinha alguns hobbys, como: cozinhar, jogar bola, pintar, desenhar e ainda era o churrasqueiro da família.

Meu pai teve três filhos, duas meninas e um homem, ele sempre nos ensinou o caminho que deveríamos andar, guiando os nossos passos e nos aconselhando da melhor forma possível.

Ele era trabalhador, honesto e amoroso, nunca mediu esforços para nos dar o melhor. Lembro-me das vezes que ele acordava antes do sol raiar para levar a minha irmã ao ponto de ônibus; e, da mesma maneira que ele a levava, ele também me buscava no ponto quando eu já estava voltando da faculdade e tudo isso era feito para que pudéssemos estar juntos, e assegurar que as filhas chegassem bem ao seu destino.

Ele era extrovertido, um homem eloquente e incisivo nas palavras, sabia o que queria e corria atrás de seus objetivos com garra e determinação. Pense em alguém de bom coração, e cuja risada estrondava a casa inteira... esse era ele, nosso orgulho e maior incentivador, um excelente pai, esposo e filho.

Uma coisa que pode parecer estranha é que nós não tínhamos fotos juntos (dessa fase adulta), e um mês antes de sua partida, nós fizemos uma festa surpresa, só nós cinco, para comemorarmos o aniversário dele. Nesse dia tiramos várias fotos, o que nos causou uma certa estranheza já que não tirávamos a muito tempo. Hoje conseguimos enxergar o quanto Deus foi bom em permitir esses últimos momentos com ele.

Sou imensamente grata por ter convivido com esse pai excepcional nesses últimos vinte e cinco anos da minha vida, com ele eu sorri, chorei e fui muito feliz. Meu pai é, e para sempre será, o grande amor da minha vida!

Jorge nasceu em Recife (PE) e faleceu em Maceió (AL), aos 50 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Jorge, Stephania Maiany da Silva Alves. Este texto foi apurado e escrito por Ana Macarini, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 26 de março de 2021.