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Jorge Rotondano Sales Filho

1968 - 2020

Do esporte à gastronomia, fazia tudo com o coração. Era comédia certa e mestre da arte de fazer sorrir.

Sua amada irmã Rosa conta e eterniza parte da curta e intensa trajetória de Jorge, como forma de homenagem:

"É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais"

(Dado Villa Lobos e Renato Russo)

Era Joca ou Joquinha para os amigos, enquanto para a família era o Jorginho ou Filhote, o filho do saudoso casal Jorge Rotondano Sales e Marina Isabel Borges Sales, que foi protagonista de histórias que transcendem os limites territoriais da Bahia. Seus pais eram proprietários da primeira empresa de Leilão Rural da Bahia e do CEA (Centro Educacional de Amargosa), que oportunizou a formação de gerações de amargosenses.

Desde muito cedo, viajava com os pais para ajudar nos leilões pelo Brasil, mas sua paixão pelos esportes era notória. Como exímio levantador nas quadras de voleibol e com a posição de centroavante no futebol, participou como organizador e líder do grupo poliesportivo de Amargosa, o VEGA. Jamais se afastou de sua amada Amargosa e dos amigos e, só após muita resistência, foi estudar na inesquecível EMARC, onde se formou como técnico agrícola na turma de 1986, destacando-se como aglutinador de amigos e assumindo a posição de levantador da seleção de vôlei da escola técnica.

Em Amargosa, sempre serviu a sua comunidade, participando com intensidade das atividades associativistas, na Coamar (Cooperativa Agropecuária de Amargosa), onde ajudou a organizar feiras inesquecíveis. De igual modo, foi muito ativo na Associação Comercial (Aciapa) e em outras organizações, como a Maçonaria, onde se tornou mestre maçom.

Quando não pôde mais entrar nos gramados e quadras como jogador, sua liderança inigualável e o amor pelo esporte foram imprescindíveis para levar o futebol e outras modalidades esportivas para conquistas até então impensáveis.

Na vida empresarial, fundou empresas, empregou centenas, inovou e criou marcas, slogans e oportunidades, assim como no agronegócio. Fundou uma indústria de torrefação (Copa). Todavia, onde ele se encontrou de verdade, foi na gastronomia, criando com sua dedicada e apaixonada companheira a marca Espaço Gourmet, que é famosa por iguarias comparáveis às de renomados chefs.

Na política, assim como tudo em sua vida, entrou de corpo e alma; desse modo, sua liderança foi essencial para as vitórias das campanhas eleitorais das quais participou.

Joca sempre foi coração. Sua família era sua vida e seu mundo. Dedicava-se e cuidava, acolhendo todos. Constantemente verbalizava o orgulho que sentia por eles: pais, esposa, irmão, irmãs, filhas, sobrinhos, sobrinhas, cunhados, cunhadas, primos... Vibrava com cada conquista dos seus.

Dono de um sorriso empolgante e de uma alegria estonteante, Jorginho era comédia certa com histórias e estórias sempre engraçadas; conquistava facilmente as crianças, pois era dotado de um raro dom de tocar a alma das pessoas, tanto é verdade que, muitas vezes era convocado para reatar casais e servir de cupido para os solteiros. Não passou despercebido, viveu intensamente no planeta Terra, deixando sua marca indelével de festejar a vida, foi um espetáculo de pessoa humana, com cores tridimensionais.

Jorge nasceu em Salvador (BA) e faleceu em Santo Antônio de Jesus (BA), aos 51 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Jorge, Rosa Peracy Borges Sales Vaz Costa. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 20 de novembro de 2020.