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José Adilson de Oliveira

1971 - 2021

Ele era de riso fácil, da comemoração sem data especial, da comida simples e da cervejinha gelada em dia de sol.

Caçula dentre quatro irmãos, José perdeu o pai quando estava com apenas três meses de vida. Criado pela mãe, soube durante toda a vida demonstrar amor, respeito e cuidado incondicional por ela.

Grinho, como era conhecido, foi um jovem bonito que chamava atenção das mulheres, mas ao final da vida seu discurso era que não havia nascido para o amor.

Foi um pai amoroso e cuidadoso para os três filhos. Era daqueles que ─ em dias de sol ─ brincam na rua até cansar e ─ caso estivesse frio ou chuvoso ─, aproveitava o tempo com sessões regadas a muitos filmes até o sono chegar. Também lia ou inventava histórias, jogava vôlei, futebol, basquete e qualquer outro jogo que os filhos quisessem. Sempre defendeu a importância do esporte, mas sua frase clássica era: “Tem que estudar!” e chegou a ver com orgulho a primogênita formada.

"Fazia um leitinho com açúcar como ninguém", conta a filha Bruna, mas sua especialidade era tilápia frita com um tempero sem igual.

"Trabalhou, trabalhou e trabalhou um pouco mais, 'mexia o doce', como costumava dizer. Nunca foi rico de dinheiro, era rico de alegria", diz a filha.

Prestativo, atencioso, profissional e querido por todos, era conhecido no trabalho como Adilsão. Após sua morte foi homenageado por tamanha dedicação ao trabalho e às pessoas. A secretaria municipal em que trabalhava foi nomeada de Complexo José Adilson de Oliveira.

Pensava e falava sobre os planos para a aposentadoria que se aproximava. Gostava de pescar, de cochilar após o almoço, de jogar futebol, de ouvir Bruno e Marrone e, sobretudo, de fazer as pessoas felizes.

Era um católico assíduo e devoto de Nossa Senhora Aparecida. Um homem do bem, que independentemente do assunto, soltava sempre uma piadinha. Era engraçado, espontâneo, leve...

Tinha uma expressão muito peculiar quando prestava atenção em alguma fala. Com o rosto levemente inclinado, as sobrancelhas arqueadas e os olhos atentos, mexia sempre em alguma cutícula com os dedos da mão oposta. Quando estava concentrado em alguma atividade, mexia a língua como forma de equilíbrio "para que a concentração continuasse", dizia ele.

"Meu pai se foi muito rápido, tinha muitos sorrisos para serem conquistados", reflete Bruna e conclui: "Sinto por meus futuros filhos e sobrinhos que não poderão conhecer pessoalmente a pessoa sensacional que foi meu pai. Fica todo o aprendizado e alegria que nos deixou e que, certamente, faremos questão de transmitir a cada novo descendente".

José nasceu em Irati (PR) e faleceu em Pinhais (PR), aos 50 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de José, Bruna Caroline de Oliveira. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 15 de fevereiro de 2022.