1943 - 2020
Todo mundo conhecia o Seu Zezinho da bodeguinha verde.
Conhecido como "Seu Zezinho da bodeguinha verde", tinha o sonho de ser motorista de ônibus, então começou a trabalhar cedo para isso. Aos 8 anos, trabalhou como catador de algodão na sua cidade natal, a cidade do Barro.
Mais tarde, já na capital Fortaleza, onde viveu toda a sua vida, conseguiu emprego na empresa de ônibus "Viação Bons Amigos", onde foi lavador de caminhão, depois mecânico, depois passou a dirigir guincho, até que o grande dia chegou... apareceu a oportunidade dele dirigir um ônibus. Foi uma enorme satisfação para aquele homem simples, sem estudos, vindo do interior do nordeste. Ele atingiu seu objetivo!
Mas também foi um empreendedor de sucesso. Com sua mercearia, a "Bodeguinha Verde", ele e sua mulher, Dona Maria Marly, cuidaram, sustentaram a família por todos esses anos e criaram os três filhos: Pedro Henrique, Iris de Oliveira e Livia de Oliveira.
Tinha como hobby brincar de fazer contas com a neta Clarice, e tinha o hábito de andar. Por 18 anos, andou todos os dias (Todos!), por uma hora, religiosamente. Só parou quando seu coração lhe deu um sinal vermelho e ele teve que passar por três cirurgias cardíacas. Por fim, a caminhada se tornou contra indicada pelos médicos e então ele parou de andar, e parou, porque seguia à risca as orientações que lhe davam, tanto de comportamento, como dos cuidados com a dieta restrita e os remédios. Nisso, era bem rígido, não mudava nada que dissessem para ele fazer, nada!
No fim de 2019, a família foi com ele rever sua grande paixão, sua cidade natal, Barro. Foi a viagem da vida, a viagem dos sonhos... mas o encontro com os irmãos e os sobrinhos teve um ar de despedida.
Por mais de quarenta anos, abriu todos os dias sua mercearia, mesmo sem precisar mais dela para criar os filhos. E a manteve aberta nestes dias de pandemia (com todos os cuidados necessários), não queira ser chamado de teimoso por isso, é porque ele não queria mesmo era deixar de atender nenhum dos seus clientes, que por gerações, se serviram dela.
Infelizmente, o vírus chegou de alguma forma e o infectou...
Seu Zezinho deixa uma vida de aprendizado para quem conviveu com ele, e queria ser lembrado apenas como alguém que gostava de "fazer suas coisas sem falta" e que prezava e pregava a honestidade, ensinando que "não se perde nada em ser honesto".
José nasceu em Barro (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 77 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo filho e pela nora de José, Pedro Henrique e Carol Schmidt. Este tributo foi apurado por Carla Cruz, editado por Alessandra Capella Dias, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 24 de novembro de 2020.