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José Alves Sampaio

1952 - 2020

Sereno e humilde em todas as suas palavras, Zequinha da Cagece amava trabalhar.

Imagine alguém que ama trabalhar. Zequinha da Cagece era assim. Trabalhou por mais de 40 anos na mesma empresa, até mesmo depois da aposentadoria. Por ser muito apegado, nunca se afastou de seu trabalho, dizia que só pararia quando morresse. Assim foi.

Zequinha era simples, humilde e tranquilo. Era muito difícil de se ouvir sua voz. Sempre calado, falava bem baixinho. Dificilmente se via Zequinha reclamando de algo e poucas vezes ele expressava o que sentia. Ao mesmo tempo, sempre foi certo e incisivo no que queria. "Vivo um dia de cada vez, todo dia é único. Não vou deixar para amanhã o que eu posso fazer hoje...", costumava dizer Zequinha, com toda a serenidade que era possível.

A vida de José não foi nada fácil. Perdeu a filha caçula três anos atrás. Três meses depois, sofreu um grave acidente, mas se recuperou depois de um tempo internado. Sua saúde ficou debilitada, agravada pela diabetes e outras complicações. Mas sua serenidade não era abalada, sua tranquilidade era constante.

Como último desejo, José sonhava em fazer uma cirurgia de visão para voltar a enxergar como antes. Não deu tempo. Partiu em 06.04.2020, antes mesmo de saber o resultado do exame.

Muito amado e querido por todos, Zequinha deixa dois filhos e vários amigos e colegas de trabalho. Parte com o respeito de todos que o conheciam, os quais não puderam lhe prestar todas as homenagens que ele tanto merecia. As boas lembranças de Zequinha da Cagece permanecem nos corações de quem o ama.

José nasceu Crateús (CE) e faleceu Fortaleza (CE), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

História revisada por Mariana Coelho, a partir do testemunho enviado por filha Rosierley Sampaio, em 19 de maio de 2020.