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José Angelo Ribeiro Figueiredo

1934 - 2020

Não gostava de falar sobre coisas negativas.

Expansivo no amor, carinho e zelo com a família. Assim foi Zé Ângelo.

"Dizem que chegamos à vida adulta quando enfrentamos o estresse e as cobranças. Eu discordo, de forma simplista: na vida adulta entendemos que nossos heróis não vivem pra sempre. O meu herói era quase onipresente: na escola, bastava eu olhar pro lado e lá estava ele, nas apresentações e comemorações. Ou no horário da saída, lá estava ele me aguardando, quando eu menos esperava. Depois, quando a rotina parecia apertar, ele sempre vinha com uma solução pra gente se encontrar. Sua vontade de compartilhar amor era incrível. Sua armadura sempre protegeu seu coração de manteiga.

O meu herói é único e é imortal, uma base e uma fortaleza pra eternidade. Me deu uma família que me ama e que eu amo demais. Não poderia ser um melhor avô.

É verdade que esse guerreiro nunca gostou de demonstrar fraqueza ou dificuldade. Quando faltavam palavras, sobravam ações. Como forma de autodefesa, ensinou que as fases ruins são passageiras e que não devemos nos abalar, mas que devemos nos apoiar na força de nós mesmos e naquelas pessoas especiais que nos cercam.

Meu guerreiro, é verdade que não compartilhamos da mesma crença religiosa, mas você me ensinou que fé não é uma bengala, mas sim uma energia positiva de vida, verdadeira e duradoura. Escrevo agora, como tantas vezes me escreveu, querendo celebrar a vida.

Vítima de uma ameaça invisível, meu guerreiro lutou por 11 dias até o descanso final. Uma verdadeira estrela que agora vive no céu dos meus olhos e pra sempre na minha memória. Obrigado por tudo, eu te amo pra sempre vô."

Do neto Arthur de Mello.

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José adorava ficar com os netos, comer bem e frequentar o Iate Clube do Rio de Janeiro. Suas paixões eram sua família e sua esposa, com quem completaria cinquenta anos de casado em 2020. Ele tinha 4 quatro filhos e 1 enteada.

José era muito simpático e atencioso com todos ao seu redor, não havia quem não gostasse dele. Sempre muito bondoso e otimista. Tinha algumas manias, uma delas era com seu carro que tinha que estar sempre impecável.

Ao entrar no hospital, um sentimento triste se aproximou mas seu José não deixou de declarar o seu amor pela esposa e a agradeceu pela vida que construíram juntos.

Ele sempre será lembrado por amigos e familiares como um homem bom e justo.

José nasceu Rio de Janeiro e faleceu Rio de Janeiro, aos 85 anos, vítima do novo coronavírus.

Jornalista desta história Priscilla Romana Fernandes, em 28 de março de 2021.