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José Claudio D’Andrea

1948 - 2021

Filho de imigrantes italianos, cresceu em meio à alegria da música e da tarantella.

Sempre divertido e com uma boa piada na ponta da língua, José Claudio amava dançar e tocar piano e violão.

Pai dedicado, pensava sempre em primeiro lugar nas três filhas, que teve com a esposa que ficou ao seu lado por vinte e seis anos. Não perdia uma oportunidade para estar presente na vida delas: ele as levava aos eventos da escola e nunca deixou de assistir a nenhum espetáculo de balé ou partida de esportes da qual participaram. Quando as filhas iam às festas, dava carona para elas e também para os amigos.

José era engenheiro, e trabalhou por anos na Fundação de Eletricidade do Rio de Janeiro, onde fez amigos que levou para toda a vida. Quando a esposa adoeceu e precisou passar por um transplante, ele se aposentou para cuidar dela. Mas José era uma pessoa muito ativa, e sem conseguir ficar parado por muito tempo, abriu uma loja de joias. Seu jeito único de ser cativava a todos, e era muito querido pelos clientes e pelos funcionários. Sempre preocupado com o próximo, ele não hesitava antes de ajudar quem fosse possível. Não era apegado a dinheiro, e, sem cobrar, emprestava a quantia que pudesse.

Ele tinha, também, um lado estabanado: derrubava e deixava cair o que segurava. Sua filha Isabella lembra do dia em que, enquanto caminhava pelo centro de Niterói, José esbarrou em um camelô e derrubou todas as mercadorias, que depois ajudou a arrumar.

Conhecido por ser muito correto e justo, para ele a honra era um dos valores mais importantes. Fez questão de transmitir esse ensinamento às filhas. Ele não escondia o incômodo caso sua retidão fosse questionada, e não pensava duas vezes antes de agir contra uma injustiça. Um dia, voltando da padaria, o motorista do ônibus não parou para as pessoas que esperavam no ponto com ele. José saiu correndo para alcançá-lo em outro ponto, e, assim que embarcou, ralhou com o motorista — tudo isso enquanto segurava um pedaço de pão.

Seja por seu caráter, por sua gentileza, por seu bom humor ou por todos os ensinamentos que deixou, José tem um lugar muito especial no coração daqueles a quem tanto amou, e por quem foi tão amado. Será sempre lembrado com muito carinho e muitas saudades como uma pessoa única que deixou sua marca nas vidas pelas quais passou.

José nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu em Niterói (RJ), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de José, Isabella D’Andrea Melra. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Victoria Vital, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 28 de junho de 2021.