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José Pereira Filho

1959 - 2020

Era elo da família, sempre disposto a unir os pontos e a tecer a boa convivência entre todos.

Ele era o amor da vida da esposa, pai de cinco, avô de oito e amigo de muita gente, além de filho e irmão.

Para Roberta, ele também era o tio Zé, tio Zezinho ou então tio Zé Gordo, era o tio que pegava seus livros emprestados quando ela ainda estava na escola. Pois adorava ler e possuía grande curiosidade sobre a história do país e do mundo; e mais, fazia questão de se manter informado dos assuntos atuais.

Zezinho começou a trabalhar muito jovem e tornou-se caminhoneiro. A profissão permitiu que conhecesse diversos lugares do Brasil, mas, por outro lado, o impediu de terminar os estudos. Mesmo assim, o trabalho nunca foi empecilho para que adquirisse conhecimento, pelo contrário, transformou-se em autodidata.

Nascido numa família pobre, no interior do estado do Rio de Janeiro, aprendeu desde cedo a ter responsabilidade, pois a mãe passou a contar com sua ajuda para manter a casa e sustentar os filhos mais novos após a separação dela e do pai das crianças.

"Ele era alguém especial, trabalhador, lutador e muito guerreiro!", diz Roberta, que o descreve como um homem disposto a ajudar e bom conselheiro.

Ela conta que a avó, a quem o tio cuidava com tanto carinho, sofre de Alzheimer e, por este motivo, ainda não sabe da partida do filho. "Mas ela sente falta e pergunta dele com frequência", diz a sobrinha.

O caminhoneiro casou-se ainda jovem e permaneceu junto da esposa a vida toda. Ela, os filhos e os netos eram suas grandes paixões. Zezé adorava reunir a família e distribuir presentes para as crianças, que também já sentem a falta desse avô tão querido.

Das inúmeras lembranças guardadas por Roberta, ela ressalta os momentos em que se sentava para escutar as histórias sobre as peças que Zezinho pregou durante a juventude. E completa: "Não posso me esquecer de como ele adorava pescar".

Saudosa, a sobrinha despede-se: "Meu amado tio, sentiremos eternamente a sua falta e te amaremos incondicionalmente. Que você esteja descansando ao lado do Senhor, e que daí de cima esteja nos protegendo".

José nasceu em Campos dos Goytacazes (RJ) e faleceu em São João da Barra (RJ), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de José, Roberta de Azeredo Pereira. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Mariana Quartucci, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 11 de dezembro de 2020.