1944 - 2020
No declínio da vida até a morte se declina, pois no legado deixado a vida nunca termina.
Filho de Maria da Conceição de Carvalho e de Antônio Liberato e vendedor de tripa. O Zé construiu com a D. Vera uma numerosa e digna família de sete filhos, outros tantos netos e um bisneto.
Sobre os filhos, orgulhava-se dizendo: “se o senhor doutor deixar uma quantia aqui dando bobeira e um filho meu vir, tenha certeza que o senhor encontrará do jeito que deixou. Essa graça eu tenho!”
Zé Sinval era teimoso, corajoso, tinha uma voz grave tão característica que, inevitavelmente, qualquer um que reproduzisse alguma fala sua recorria a uma necessária imitação (em tom grave).
Ele estudou pouco mas aprendeu muito. Tinha boa memória, gostava de poesia, de cantoria, apreciava a palavra bem trabalhada. E ele foi dela um honroso representante. Tinha uma oratória que arrebatava e nunca recorria ao discurso pronto. Falava de cabeça, falava de coração, falava com sabedoria. Falava e todos escutavam com uma inabalável atenção, rompida somente por fervorosos aplausos.
Zé Sinval tinha uma casca dura e era sempre muito firme em suas convicções. E isso era tão certo quanto o coração mole que tinha. Ajudava o público enquanto vereador e prefeito, mas ajudava em silêncio quando percebia a necessidade do outro. Discretamente sua mão ia ao encontro de mãos necessitadas, entregando ajuda e esperança.
Ele foi guerreiro até o fim! Teve assistência digna e não ficou só nos dias de dor, de medo e da fragilidade. Seu corpo repousa junto aos outros de seu núcleo familiar, num cantinho da amada Chorozinho.
Zé Sinval partiu da mesma forma como viveu: com simplicidade!
Valeu, Zé!
José nasceu Chorozinho (CE) e faleceu Fortaleza (CE), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.
História revisada por Flávia Campos, a partir do testemunho enviado por filho José Romaico Carvalho, em 21 de maio de 2020.