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José Vileimar Gonçalves

1941 - 2020

Metódico e organizado, formou uma coleção de filmes e livros que era frequentemente ampliada.

José Vileimar podia ser definido como um anjo insubstituível que gostava de contar histórias da sua infância como aquela em que, num dos muitos cruzeiros que realizava quando criança, ao se aproximar da proa do navio, viu golfinhos pulando, formando uma cena tão marcante que nunca mais se apagou de sua memória.

Calmo, de uma elegância sem limites, atencioso, simpático e comunicativo, gostava muito de brincar com os outros. Formado pela Universidade Federal do Ceará, no exercício da medicina que ele tanto amava, atuava como Clínico Geral e também como Legista. Era muito ético em suas ações e também um estudioso que procurava continuamente aumentar o seu conhecimento com leituras de seu imenso acervo de livros, mantendo-se sempre atualizado.

De uma honestidade ímpar, no seu consultório todos eram muito unidos e viviam como em família. Compreensivo, sempre arranjavam um jeito de puxar para ele as dificuldades que invariavelmente iam surgindo porque confiavam em sua capacidade de resolver problemas.

Foi casado por duas vezes e teve cinco filhos no total. Da segunda união com Orileda, que havia sido sua paciente e com quem permaneceu durante 24 anos, nasceram Vileimar Filho e Viviane Maria, suas paixões.

Ele procurava garantir o necessário e o conforto físico e emocional da família que guarda muitas histórias para contar a seu respeito. Orileda recorda-se de uma especial: “Eu tive um animal de estimação o qual doei, mas não resisti e chorei muito e, quando foi de manhã, ele apareceu com o cachorro...” A convivência familiar sempre foi muito boa e baseada na ajuda mútua. Se ele pedia ajuda à esposa, ela o atendia prontamente; se havia alguma pequena doença em casa, ele cuidava com muito zelo. E assim, de cuidado em cuidado, ela ficou com ele até o último momento possível.

José também adorava assistir filmes clássicos, originais ou modernos, em suas horas livres e ensinou à esposa e filhos a gostarem de cinema. Ele amava o famoso Casablanca filmado em 1942 e, nessa área, tanto fazia indicações como as aceitava e, pouco antes de falecer, “havia começado a assistir a série Outlander por minha indicação" conta a filha Viviane que relata ter adquirido na vida muito conhecimento por intermédio dele e que o considerava como “o melhor pai do mundo”.

Deixou uma coleção de livros e filmes, que é conservada pela família com muito carinho.

Apreciava ficar com seus três cachorros pincher de estimação no sofá, mas o seu preferido mesmo era o Dobby que ficava mais tempo na sala com ele recebendo seu carinho.

José Vileimar partiu, mas isto não significa que ele será esquecido por aqueles que o amaram. Sua ausência é expressa pela família com palavras cheias de saudades: “Ele faz muita falta para todos nós aqui de casa. Todo dia pensamos nele e oramos para que ele esteja em um lugar melhor.”

José nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa e filha de José, Orileda Golçalves, Viviane Maria. Este tributo foi apurado por Saory Miyakawa Morais, editado por Vera Dias, revisado por Walker Barros Dantas Paniagua e moderado por Rayane Urani em 16 de agosto de 2021.