1937 - 2021
Depois que aprendeu a usar o celular, pegou gosto por enviar áudios carinhosos para os netos.
Apesar de ter vivido muitos anos na capital federal, Josefina, ou Dona Guida, como era conhecida, fez questão de manter seu sotaque típico do interior paulistano e a paixão pela cidade natal. Quando ainda morava em terras tieteenses, conheceu seu grande amor, Rafael, e com ele teve três filhos: Márcia, Paulo e Marco. Amanda, parceira de seu neto Gabriel, destaca que a história de amor e respeito de Dona Guida e Rafael ficou marcada como um exemplo a ser seguido pelo futuro casal. É certo que os futuros bisnetos conhecerão a história de Dona Guida e seu legado de amor e cuidado.
Pais e filhos tiveram uma relação de muito respeito e afeto mútuo. Tanto que os filhos sempre fizeram questão de morar perto dos pais, pois gostava muito da companhia deles. E também para estar mais perto dos tradicionais almoços de domingo, quando Dona Guida gostava de reunir todos ao redor da mesa para saborear um lagarto recheado feito no fogão a lenha. De sua culinária, também ficaram na memória da família o nhoque, seus tradicionais folheados, os bolinhos de chuva e o maravilhoso bolo de cenoura com cobertura crocante.
Sempre muito acolhedores, Dona Guida e marido recebiam com muito carinho os amigos, vizinhos e familiares que os visitavam. Sempre tinha um cafezinho quente e um bolinho fresco para quem chegasse.
Seus familiares recordam com carinho de uma de suas peculiaridades: apesar de ser uma pessoa com poucas exigências, uma de suas manias era não gostar da cor vermelha, seja sapato, roupa ou flores. Torcia o nariz até mesmo para uma gelatina muito vermelha.
Os filhos lhe deram quatro netos, com os quais tinha uma relação de muito carinho. As parceiras deles, assim que entraram na família, também passaram a ser tratadas como netas. Mãe e avó acolhedora, gostava de demonstrar esse afeto. A quem chegasse pertinho, Dona Guida não economizava abraços, beijos e carinhos.
Esse jeito afetuoso também era sentido por seus amigos e conhecidos. Dona de uma sabedoria de vida que demonstrava naturalmente em suas relações, sua partida foi sentida por todos que um dia conheceram Dona Guida, fossem vizinhos, vizinhas ou mesmo alguém que tivesse prestado algum serviço para ela. Muitos deles, comovidos, prestaram depoimentos amorosos.
Tinha paixão pelo seu jardim, onde cultivava de tudo, sendo suas preferidas as roseiras e as orquídeas.
A dificuldade inicial de mexer no celular foi superada com paciência por seus netos e filhos, que a ensinaram a usá-lo. Daí em diante, diariamente passaram a receber áudios da avó, às vezes acompanhados de uma foto do passado, que ela encontrava revirando os álbuns de família. Esses áudios eram uma forma de Dona Guida demonstrar carinho aos netos, mesmo quando estavam longe.
Dona Guida foi o amor da vida de muitos, que sua memória e sua vida sejam sempre lembradas.
Josefina nasceu em Tietê (SP) e faleceu em Brasília (DF), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela noiva do neto de Josefina, Amanda Marques. Este tributo foi apurado por Ana Laura Menegat de Azevedo, editado por Marília Ohlson, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 31 de agosto de 2021.