1949 - 2020
Gostava de ficar debruçado na sua banca de peixes para olhar as pessoas passando.
Seu Mímica, como era chamado e conhecido por todos, era casado. Teve quatro filhos, cinco netos e um bisneto – que era seu xodó.
Era pescador e era das margens do Rio Madeira, no interior do estado do Amazonas, na pequena cidade de Nova Olinda do Norte que ele tirava o sustento da família. Adorava se debruçar sobre a mesa na sua banca de peixes para ver as pessoas andando de um lado para o outro. “Gostava de ver a mesa farta, era generoso e dono de um coração nobre e puro. Mesmo com o pouco que possuía, ainda ajudava as pessoas que mal conhecia”, conta a nora Leomara que relembra que Jovenil tinha um cuidado muito especial com os sobrinhos e que os considerava como filhos.
“Meu tio, por quem meus irmãos e eu tínhamos um grande carinho, era como se fosse um pai, sempre nos apoiou quando precisamos. Um homem de uma essência tão pura, que levaremos para sempre em nossos corações”, diz a sobrinha Vanusa, relembrando o quanto o tio era apegado ao seu pai, Heleno Vieira. Os dois irmãos se reuniam em uma feira para jogar dominó. A união e o apego entre os irmãos eram tão fortes que apenas seis dias após a partida de Jovenil, Heleno também faleceu, vítima da Covid-19.
“Foi um pai que nunca deixou faltar nada para os filhos, sempre amparou cada um de nós a alcançamos nossos objetivos. Lembro-me, especialmente, do dia que o agradeci por ter me ajudado durante minha trajetória na vida acadêmica, cuja vitória não era só minha, era dele também. Desde criança, ouvia de meu pai: ‘Eu não estudei, mas meus filhos vão estudar’. Então foi isso que aconteceu, batalhou muito para que cada um de nós pudéssemos alcançar nossos sonhos”, relembra a filha Alessandra ao falar do coração de ouro e honesto que Jovenil possuía.
Para conhecer a história do irmão de Jovenil, procure Heleno Vieira no Memorial Inumeráveis.
Jovenil nasceu em Nova Olinda do Norte (AM) e faleceu em Nova Olinda do Norte (AM), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Jovenil, Alessandra Vieira, pela nora Leomara de Castro e pela sobrinha Vanusa dos Santos Vieira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de janeiro de 2021.