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Juliano Élcio Fiori de Oliveira

1981 - 2020

Alma de criança, não parava quieto. Gostava de irritar sua filha Isabella e fazê-la gargalhar a todo custo.

Juliano chegou, era alegria. Gostava de aparecer e chamar a atenção. Levava desapego material consigo, seu bem maior eram os laços que construía por onde passava.

Sonhador ferrenho, travou lutas incansáveis enquanto jovem. Além da superação individual, enxergava no próximo as dores que outrora sentiu. Assim como foi capaz, acreditava na capacidade do outro, dava e se doava pra ajudar.

Mudar de estado era desejo, pensou em Fortaleza como destino. Mas teve sua rota desviada e acabou fixando raízes em Maceió. Persistente como era, conseguiu levar filha e esposa para o “Caribe brasileiro”.

Virar o ano com os amigos e parentes era de praxe. O último foi na orla da sua amada cidade sereia da qual se tornou guia turístico gratuito de quem trazia para lhe visitar. Queria ter gente ao lado dele e trazer a família toda pra morar pertinho.

Intenso, Fiori era marcante como suas viagens - bem planejadas porque adorava uma planilha. Sonhava em juntar a família em um ônibus e meter o pé na estrada, visitando os países afora. Sua miscelânea musical era trilha sonora, no último volume, dos trajetos que percorria com o brilho nos olhos.

Alma de criança, não parava quieto. Gostava de irritar sua filha única, Isabella, e fazê-la gargalhar a todo custo. Não via no distanciamento impasse algum para esse afeto: “Me dá o cabo de vassoura pra eu cutucar a Isa”, pedia para a esposa.

Juliano nasceu em Garulhos (SP) e faleceu em Maceió (AL), aos 39 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelas esposa e filha de Juliano, Eliene e Isabella. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Kamilla Abely Dias Gomes, revisado por Didi Ribeiro e moderado por Rayane Urani em 28 de maio de 2020.