Sobre o Inumeráveis

Juraci Pereira Zuza

1960 - 2021

Gostava mesmo era do interior, da lida no sítio, das estradas e de uma boa moda de viola.

O maior e melhor contador de histórias e causos, a sobrinha Jaqueline relembra algumas passagens importantes do homem rústico que não demonstrava muito os sentimentos. "Era afetuoso, mas do jeitão dele", reflete ela.

Eram histórias que muitas vezes ele nem conseguia terminar de contar por conta de tanta risada. As que envolviam as estradas e os perrengues no meio do mato eram as mais comuns.

Ele foi motorista de ônibus de viagem por muitos anos e sempre dirigia ao som de um bom sertanejo raiz pelas estradas afora. Depois que se mudou para o interior começou a cuidar de plantações e a criar vacas.

Para Juraci, a cidade de São Paulo era muito grande, agitada demais. "Ele vinha a São Paulo umas três vezes por ano, porém já chegava querendo voltar para o meio do mato, era lá que ele se sentia feliz de verdade. Tínhamos que implorar para ele ficar um pouco mais de uma semana", relembra a sobrinha.

Após o falecimento de sua mãe, que morava na capital paulista, Juraci viajou apenas mais uma vez para rever os familiares, pois logo veio a pandemia. Porém, recebeu a derradeira visita da irmã Mira no Natal de 2020, pouco antes de ele falecer.

Os encontros não serão mais possíveis, no entanto as histórias e os causos engraçados dele ficarão para sempre na memória de todos.

Juraci nasceu em Flórida Paulista (SP) e faleceu em Presidente Prudente (SP), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha de Juraci, Jaqueline França. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 18 de janeiro de 2022.