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Jurandir Teodoro de Oliveira

1963 - 2021

Participava dos eventos importantes da cidade fazendo uma inesquecível carne assada e um delicioso abacaxi com pimenta.

O interior do Paraná foi onde Jurandir nasceu, cresceu, se casou, criou os filhos e partiu. Vivendo sempre em cidades pequenas, soube aproveitar o que elas tinham para lhe dar: tempo para brincar com os filhos e depois com os netos; tempo para ficar horas assando uma carne; tempo para viver.

Jurandir nasceu na roça, no distrito de São Miguel do Cambuí, e foi o quarto filho entre seis irmãos. Na infância, aprendeu a levar uma vida simples e a valorizar a família. Logo que completou 18 anos, todos se mudaram para distrito de Marialva e lá ele foi convocado para servir o exército.

O serviço militar o levou para Apucarana, e durante um período de sua vida Jurandir passava a semana toda nesta cidade e os fins de semana em Marialva. Mesmo com a vida dividida e as muitas idas e vindas, foi nesse período que conheceu a esposa, Sueli. Diz a primogênita do casal, Daiany, que foi tudo bem rápido. "Eles se conheceram em fevereiro de 1983, começaram a namorar em abril, um ano e dois meses depois estavam se casando e no ano seguinte, eu cheguei!"

Juntos, foram morar em um sítio, em Nova Esperança. Com a chegada do segundo filho, o Diony, fizeram as malas novamente e foram para Castelo Branco. Já com os filhos um pouquinho maiores, decidiram retornar a Marialva, de onde Jurandir nunca mais saiu.

Depois de deixar o exército, Jurandir realizou diversas atividades profissionais, entre elas auxiliar de expedição e entregador de compras de mercado. Mas foi no ano 2000 que ele descobriu um ofício que lhe dava muita alegria: tornou-se motorista de ônibus da prefeitura de Marialva. Com esse trabalho levou muita gente para todos os cantos.

Para complementar a renda, participava de eventos da cidade fazendo uma das suas especialidades na cozinha, ou melhor, na churrasqueira: a carne assada e o abacaxi com pimenta do Jurandir. "Era de dar água na boca", diz a filha. Fora do horário de trabalho, ele atuava como motorista de "van" escolar, fazendo o transporte de crianças sem e com deficiência. Isso era motivo de orgulho para ele. Fazia o seu trabalho com dedicação e amor por aquelas crianças, para sempre levá-las em segurança.

Jurandir amava crianças, por isso aproveitou todo o tempo que pôde com seus filhos, e depois com os netos Júlia, Laura e João Lucas. Dos pequenos, ele dizia: "São o ouro da minha vida". Não perdia uma oportunidade de brincar com eles e, todo mês, comprava muitas guloseimas para mimá-los!

Quando não estava com seus amores — esposa, filha, filho, nora, genro, netos —, estava assando uma carne ou pescando. Daiany lembra que Jurandir sempre dizia: "Viva a vida como se não houvesse o amanhã".

Jurandir nasceu em São Miguel do Cambuí, Marialva (PR) e faleceu em Sarandi (PR), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Jurandir, Daiany Cristina de Oliveira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Michele Bravos, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 29 de março de 2022.