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Kleber Henrique Pereira

1985 - 2021

Graças à sua insistência amorosa, a avó foi vacinada contra a Covid-19; ele era assim: a imagem da empatia em forma de gente.

Um irmão como nenhum outro, Kleber teve sua passagem marcada por sua generosidade. Prestativo, era a pessoa com quem contar para qualquer situação. “Ele era aquele que você podia chamar para descarregar um caminhão de tijolos, ou limpar a casa com você”, conta o irmão Clayton Lopes.

Seu caráter e sua personalidade, seu jeito bem-humorado de levar a vida, era o que mais marcava sua personalidade. Criado pelos avós, os dois irmãos se aproximaram mais depois de adultos. "Kebler foi o mais velho, mas parecia o mais novo, me ouvia muito”, conta Clayton.

Querido em toda a cidade, era palmarino, mas filho de Santana. Vendeu cosmético como ambulante e abriu uma lanchonete na sua própria casa, o famoso Tapiocão. Era muito amigo, muito solidário. Com ele não havia tempo ruim.

No hospital falava dos irmãos, e compartilhava com todos as suas alegrias, como se fossem dele mesmo. Não teve filhos, mas foi um tio “pai”, presente e ativo, e o amor da avó, que perdurará. Atencioso, foi a insistência e proteção dele que a levou a se vacinar.

Sua presença cativante é sua memória mais forte. “Um pedacinho dessa alegria que ficará faltando em mim”, reflete saudoso o irmão. Ele costumava dizer: “Tudo é passageiro”, “a gente só vive uma vez” e vivia isso, um dia de cada vez, intensamente a cada momento.

Brincalhão, uma criança adulta, será lembrado sempre pela espontaneidade, pela mão amiga e pelo apoio de irmão. Extremamente generoso, quis preservar a família até seus últimos momentos.

Kleber nasceu em União dos Palmares (AL) e faleceu em Maceió (AL), aos 35 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo irmão de Kleber, Clayton Lopes. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Lucas Carvalho, revisado por Claiane Lamperth e moderado por Ana Macarini em 14 de fevereiro de 2022.