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Leonor Furlanetto Pereira

1940 - 2021

Era ela quem dava os primeiros banhos nas crianças recém-nascidas da família.

Leonor nasceu em uma família numerosa, sendo a décima segunda filha dentre 16 irmãos. Já aos seis anos descobriu como a vida poderia ser bem dura, tornando-se órfã de mãe e assumindo muito mais responsabilidades do que se esperaria para uma jovem criança. Cresceu na zona rural, trabalhando nos afazeres domésticos e na lida com a terra.

Ainda na infância conheceu Edson, que anos depois se tornou seu marido e grande amor. A princípio, o seu pai era contra o casamento, o que fez com que a jovem apaixonada (e precavida) reservasse o lucro da venda de ovos para comprar tecidos e materiais, com os quais costurou e bordou seu próprio enxoval. Do matrimônio vieram as duas filhas, Luciana e Naila; e mais tarde as netas, Maria Julia e Maria Luísa, pelas quais ela foi absolutamente apaixonada. Leonor viveu um casamento amoroso e feliz, e mesmo quando ficou viúva nunca tirou a aliança do dedo, como forma de continuar demonstrando seu amor.

Era ainda extremamente dedicada, e cuidou ainda de vários sobrinhos – era ela quem dava os primeiros banhos nas crianças recém-nascidas da família.

Era uma mulher de muita fé e se orgulhava em ser da comunidade católica. Adorava assistir à missa na Igreja Matriz da cidade e quando não conseguia ir, reclamava por não comungar, mas não deixava de assistir à missa pela televisão.

A filha Luciana conta que brincavam que Leonor tinha o “dedo verde”: qualquer ramo que ela colocasse na terra vingava. Ela era especialmente encantada pelas orquídeas e manacás, tanto que: “quando abrem as flores que eram dela, dá para sentir a sua presença”.

Vaidosa, estava sempre de batom, unhas pintadas e cabelo tingido. Muito habilidosa costurou muitas das roupas das filhas, fazia pão caseiro e um doce de mamão sem igual. “As pamonhas então, eram das deusas!”.

Leonor foi profundamente amada pela família, como retribuição natural por todo carinho que ela dispensava a todos. Fez sua passagem aos 80 anos e deixou recordações felizes e saudosas.

Leonor nasceu em Olímpia (SP) e faleceu em Olímpia (SP), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Leonor, Luciana Furlanetto Pereira. Este tributo foi apurado por , editado por -, revisado por Walker de Barros Dantas Paniágua e moderado por Rayane Urani em 16 de maio de 2022.