Lígia Elizabeth Motta Ribeiro

1955 - 2021

Gostava de levar alegria aos alunos, nem que fosse com um abraço, um lápis, uma manteiga de cacau ou doces.

Quando se formou em Geografia, Lígia já tinha mais de 50 anos. Foi uma professora carismática de sorriso largo, que ensinava muito mais que Geografia: "Ela incentivava as pessoas a sua volta a serem melhores. Passou por um câncer e venceu. Possuía uma garra incrível, uma vontade de lutar e de viver", comenta a filha Thays.

Trabalhou em muitas escolas de bairros sem infraestrutura básica. Transformou o ambiente dessas escolas e das salas de aula por onde passou. Amava dar mimos a seus alunos. Sempre tinha balinhas, pirulitos na mochila para distribuir. Ela ia ao mercado exclusivamente para comprar as balinhas para essa finalidade. Certa vez, "comprou dois pares de tênis para dar a dois alunos seus que eram irmãos". Uma atitude generosa para que aqueles dois meninos pudessem ir conhecer o museu da cidade. "Porém sobre esse gesto, só ficamos sabendo após a sua partida", revela Thays.

Cultivou e privilegiou sempre o 'ser' em detrimento do 'ter'. Era avessa ao estilo de vida consumista. Possuía o lema: 'Você é o que você espalha e não o que você junta, e eu só quero o suficiente para viver'. Visão de mundo que ilustra o desapego que essa professora demonstrava por coisas materiais. Buscou ter vida simples, desde quando era pequena. Tivera infância humilde, possuía muitas memórias lindas dessa época. O pai de Lígia era sapateiro e — para ajudar nas despesas familiares — a mãe dela chegou a acomodar pessoas em casa na forma de pensão.

Amava abraçar e conversar, seu abraço era aconchegante. Dedicava atenção plena às pessoas, ouvindo-as com carinho e sem julgamentos.

Ela era apaixonada por tudo na vida. Foi sempre grata, pela saúde, pelos filhos. Que, por sinal, não se recordam de vê-la reclamar do que quer que seja. Era grata a Deus e procurava compartilhar a mesma devoção com seus filhos. "Era mãe amorosa e companheira. Mulher exemplar. Fizemos várias viagens juntas", conclui Thays.