1949 - 2020
Sempre arrumava um jeito de resolver os problemas de todo mundo: "a gente faz dar certo", dizia.
Dona de inúmeros amigos, e mais conhecida como tia Lori, ela marcava presença por onde passava. Nos mercados, nas lojas, farmácias e demais lugares da cidade de São Leopoldo, onde morava, cativava a todos sem esforço. Sensitiva, enxergava lá na frente, sem deixar chance para mentiras. Com apenas um olhar, percebia quando um dia não estava bom ou se os conhecidos precisavam de um conforto. Sem qualquer preconceito, fazia questão de demonstrar a importância de ser uma mulher evoluída, que luta por seus direitos, respeita culturas e que entende a diversidade. Todos estavam no seu coração.
Patrícia sempre viu sua mãe como fonte de inspiração. “Sempre a enxerguei como uma mulher incrível, guerreira em todos os sentidos. Quanto amor e dedicação pelas filhas e pelo único neto! Não havia nada que não tivesse solução. Sempre arrumava um jeito de resolver os problemas de todo mundo. Autêntica, verdadeira, não deixava de ser ela mesma para agradar a quem quer que fosse. E exatamente desse jeitinho, era amada por todos”, conta Patrícia.
Embora tivesse limitações para se locomover, devido à prótese de joelho e às dores que a impediam de andar longas distâncias, ela sonhava alto e sempre via beleza na vida. “Sempre dizia que não iria morrer sem antes fazer mais um cruzeiro. Essa era minha mãe, uma mulher com tanta vitalidade, com tanto amor, tão intensa, marcante na vida de todos que a conheciam. Onde morava, não tinha ninguém que não a conhecesse. Certo dia passou pela rua um grupo pichando todas as garagens da vizinhança e quando chegaram na casa dela, o líder disse: “ Aqui não, é a casa da tia Lori”, revela Patrícia — rindo ao relembrar o momento.
De acordo com Patrícia, quando sua mãe faleceu, perceberam a infinidade de pessoas que a amavam e tinham um grande carinho por ela. Foi nos recados de despedida que ela encontrou várias mensagens contando histórias de gratidão pelas boas ações que Lori realizou para muitas famílias. “Essa era ela, dava a roupa do corpo para quem precisasse, doava-se para todos e muitas vezes guardava sua dor no bolso para confortar a dor do próximo. Minha mãe deixou seu legado e eu o sigo por ela”, afirma.
“Mãe, obrigada pelo privilégio de ser sua filha, por ter me ensinado que a vida é um presente de Deus e que 'tudo dá' — esse era seu lema: ‘Se não dá, a gente faz dar certo'. Vou seguir em frente e coisas boas virão. Nunca vou esquecer de tudo que vivi e aprendi contigo. Saudades eternas!”
Lori nasceu em Santo Ângelo (RS) e faleceu em São Leopoldo (RS), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Lori, Patrícia da Silva Perez. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Sara Nedel Paz, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 3 de janeiro de 2022.