1953 - 2020
Se alguém lhe contava um problema, ela não hesitava em colocar o nome da pessoa em seu caderno de oração.
Mulher de muita fé, Dona Lourdes estava sempre disposta a fazer uma oração e interceder diante de Deus por quem precisasse, não importava se era alguém de casa ou não. Possuía um caderno de orações com incontáveis páginas no qual registrava suas preces; e se fosse preciso, acrescentava quantas linhas fossem necessárias para comportar os pedidos.
"A compaixão que ela tinha pelas pessoas era admirável. Quando alguém precisava, mesmo que tivesse feito algo que não aprovava, minha mãe não julgava: ela ajudava", relata a filha Silvana, lembrando que a mãe não fazia distinção para prestar apoio. "Ela era a tradução do amor ao próximo. Principalmente aqueles que mais precisavam de suas orações, eram acolhidos. Era comum vê-la acordada, mesmo que todos já estivessem dormindo, com a Bíblia em mãos, orando pelos que sofriam", recorda.
Os filhos, os netos e os bisnetos também tinham lugar em meio aos escritos de sua caderneta - pedia a Deus que protegesse e guiasse o caminho de cada um deles. As vezes, além da oração, também tinha um papel de anjo da guarda; a filha relembra que, mesmo enfraquecida, Lourdes estava pronta para zelar pela família, cuidando de suas bisnetas em qualquer momento ou ocasião.
Silvana e os demais entes sentem-se honrados por terem vivido ao lado de alguém como a mãe: "Sabemos que ela foi como um anjo aqui na Terra", com carinho, finaliza.
Lourdes nasceu em Santo Antônio do Sudoeste (PR) e faleceu em Ponta Grossa (PR), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Lourdes, Silvana dos Santos Miranda. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Michele Bravos, revisado por Luana da Silva e moderado por Rayane Urani em 19 de setembro de 2021.