Lúcia Eugenio

1959 - 2020

Não podia ver uma laje mal feita, arregaçava as mangas e refazia o trabalho até que ficasse perfeito.

"Lúcia era minha irmã mais velha. Éramos sete, agora sou o único e guardo todos eles com muito carinho em meu coração. Nossa infância foi humilde, cresci vendo Lúcia cuidando dos caçulas enquanto a nossa mãe ia trabalhar", assim Paulo inicia sua homenagem à irmã.

Ela era o tipo de pessoa que toma a frente de tudo. Para se ter uma ideia, ela comprou um terreno e ajudou os pedreiros na construção. Como gostava de ver tudo muito bem-feito, vivia reclamando que não faziam o trabalho corretamente e, quando chegava para olhar a obra, sempre encontrava algum defeito. Então, ela não deixava por menos, ia lá e refazia o serviço.

Trabalhou de sol a sol para construir a casa, os filhos foram crescendo sob seus cuidados e percebendo o quanto a mãe batalhava para ver concretizado o sonho de ter seu próprio teto. Lúcia foi avó muito cedo.

Além de diabética, era fumante. Foi necessária uma cirurgia de ponte de safena para desobstruir suas artérias cardíacas que estavam com a função comprometida por conta do vício em cigarros.

"Não morávamos no mesmo estado, por isso havia muito tempo que não nos víamos. No entanto, sempre nos falávamos e eu pedia a ela que cuidasse de sua saúde. As ligações eram quase sempre feitas à noite. Na última vez que conversei com minha irmã, ela estava toda animada e contou com alegria que havia ido ao centro da cidade para pagar uma conta e levado o carro para trocar o óleo. Na ocasião, quando nos despedimos, falei: 'Se cuida, irmã'."

"Fica a saudade da irmã tão querida e minha eterna gratidão pelo carinho e cuidado que ela sempre me dedicou", finaliza Paulo.