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Ludovina Rosa de Jesus Andrade

1916 - 2020

Viva a Dona Rosa e seus 104 anos recheados de histórias e aventuras.

Dona Rosa nunca negava um copinho de café com água quente. Terá sido esse o simples segredo dos seus 104 anos bem vividos? A filha do meio arrisca o palpite. É importante dizer também que a matriarca não era muito de guardar esse tipo de segredo: gostava mesmo era de ensinar, de contar histórias e aventuras, de dividir o que sabia com quem tanto amava.

Se parecia calma, com seus ares de professora e bisavó, ela de fato o era - mas não se podia dizer que não tinha brio. Nascida na Ilha da Madeira, durante a Segunda Guerra Mundial, Ludovina casou-se com Manuel, com quem teve três filhos. Viveu também em Angola e veio para o Brasil em 1975, onde a família continuou a crescer e florescer.

Netos e bisnetos se divertiam com as peripécias que ela narrava - os casos, novos ou repetidos, eram sempre ouvidos com muito gosto por aqueles que a rodeavam de amor.

Além das palavras de carinho que espalhava e tecia em histórias, Rosa também era muito afeita às palavrinhas cruzadas. Ela bordava, pintava e adorava pôr suas mãos diligentes de professora a criar.

A bisa querida foi para o céu, reunir-se ao biso, seu marido. Lá de cima, ela continuará amando a família inteira, estrela vigilante e serena.

Ludovina nasceu em Camacha (Ilha da Madeira) e faleceu em Brasília (DF), aos 104 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha e pela bisneta de Ludovina, Maria Dora de Jesus Andrade e Maria Julia Andrade Metelo. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Thais Oliveira, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 9 de agosto de 2020.