Sobre o Inumeráveis

Luiz Fernando do Carmo Santos

1949 - 2020

Na sua quietude, preocupava-se com todos.

Trabalhou na área de aviação, mais precisamente na Vasp (Viação Aérea São Paulo). Do interior do Pernambuco, pousou em Cuiabá, cidade em que veio assumir uma nova função. E onde também conheceu sua esposa com quem teve três filhas. Já aposentado, passava muito tempo na internet procurando os antigos voos da empresa em que trabalhou por muitos anos.

Muito caseiro, gostava de ficar em casa ouvindo música sertaneja raiz e forró antigo por uma plataforma de compartilhamento de vídeos na internet. Também ia ao mercado e em festas dos aposentados da Vasp.

Gostava ainda de visitar os cinco irmãos na cidade de Primavera, voava para lá e sentava na porta das casas para conversar com as pessoas. Tal como um pássaro, floria como flores ao falar com seus queridos e amados familiares na cidade natal.

Quando o assunto era futebol, torcia para o Sport Club do Recife e para o Corinthians. Mas adorava mesmo era o time do seu estado natal, tinha camisa e tudo. Raramente ia ao estádio, gostava de assistir pela televisão.

Um lugar em especial que gostava de ir era na peixaria. “Ele e minha avó amavam comer peixes da região. Iam aos rodízios”, conta a filha Fernanda. Ela ainda guarda outras recordações do pai. “Lembro-me de dar muitas risadas, ele fazia tudo por nós. Abriu mão de muitas coisas para nos dar boa educação e saúde. Ele sempre procurou ajudar o próximo, dentro do que podia”, disse.

Luiz Fernando tinha uma grande vontade de ser avô, um desejo absurdamente grande. “Um dia, fui ao geriatra com ele e o médico disse que deveria procurar alguma coisa para ocupar a cabeça. Ele disse: fale pras minhas filhas me darem um neto”, recorda Fernanda. Quando descobriu que ia ser avô, dizia que iria comprar uma camisa do Sport para o neto, mas veio uma menina. Ele se conformou e dizia que a sua netinha era “a moça linda do vovô”. Ele era tudo para ela, ele se transformou e reviveu. Fazia chamadas de vídeo com ela todos os dias, pelo menos duas vezes.

Luiz faleceu no mesmo dia que a sogra. “A ligação dos dois era muito forte. Pareciam mãe e filho. Três meses antes de partir, ele pediu se poderia ser enterrado no túmulo dela, se algo acontecesse”, conta Fernanda.

Para conhecer a história da sogra de Luiz Fernando, acesse aqui no Memorial Inumeráveis a homenagem para Mary Alencastro de Moura.

As histórias e lembranças de Luiz Fernando agora são guardadas e eternizadas com muito carinho.

Luiz nasceu em Primavera (PE) e faleceu em Cuiabá (MT), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Luiz, Fernanda Maria de Moura Santos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de novembro de 2020.