1934 - 2020
Tinha uma linda voz e era bem humorada. Muito bonita, recebeu o apelido de "miss".
Magnólia é o nome dado a diversas árvores e arbustos produtoras de grandes flores com beleza inconfundível, esse nome também pertenceu a uma mulher a frente de seu tempo e combina perfeitamente com a jornada que viveu. Começou a trabalhar cedo e nas palavras da filha Irleide, nunca “dependeu de homem nenhum”. Cursou contabilidade e em seus vinte e poucos anos trabalhou como caixa de comércio em São Luís do Maranhão e nos Correios da cidade.
O neto, Luã, lembra com alegria das histórias que a avó contava: “em São Luís do Maranhão já dava passeios de avião, ia para o aeroporto encontrar os namoradinhos pilotos. Também andava de moto, o que não era uma coisa comum naquele tempo, principalmente para mulheres”.
Com mais de trinta anos, Magnólia passou em um concurso para Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, na época já tinha três filhos, que precisou deixar aos cuidados de sua mãe, Izaura, no Maranhão, quando mudou de estado. O objetivo da mudança era prover um futuro melhor para a sua família.
Já no Rio de Janeiro casou-se com o grande amor da sua vida, Osvaldo Machado, um funcionário da Marinha que trabalhava em Niterói. Os dois se conheceram em uma barca e casaram pouco tempo depois, dessa união nasceu Irleide, sua última filha. “Eu sei que mãe tem que amar todos os da mesma maneira, né? Mas ela não negava para ninguém da família quem ela mais amava era eu. Quando eu nasci ela já tinha quase cinquenta anos”, afirmou a filha caçula.
Após o casório, os filhos de Magnólia voltaram a morar com ela e ganharam um pai de coração e no RG. Uma história de amor intensa e curta, a união durou quatro anos, devido ao falecimento do esposo de Magnólia.
Depois de viúva a vida não foi fácil, sobreviveu a um AVC e passou por uma cirurgia na garganta devido a suspeita de um câncer, que foi descartado. Mas a mulher, como uma fortaleza, enfrentou as dificuldades com bom humor: “era tão otimista com tudo, você nunca veria minha mãe triste”, lembra a caçula com saudades.
Nunca se separou da filha mais nova, com o passar dos anos as duas resolveram voltar para São Luís, onde Magnólia ficou até o fim da vida com o cunhado, os netos e Ireide.
A paixão de Magnólia era a própria vida, falava com orgulho de suas batalhas, gostava de dançar, cantar nos karokês e tinha uma voz linda. Seu repertório favorito eram as músicas do cantor Nelson Gonçalves.
O neto Luã conta que a avó tinha uma mania divertida: “Quando estava terminando de comer, passava a língua ao redor dos lábios e todo mundo achava graça né? Minha mãe (Irleide) adorava essa cena”.
Onde chegava gostava de comer churrasquinho e tomar uma cervejinha. Além de engraçada, era linda, recebeu o apelido de “miss”, sempre estava arrumada e bem vestida. Com uma beleza delicada, nas palavras de Irleide era luz, bonita de corpo e alma.
Magnólia foi para um plano astral melhor no dia do seu aniversário. Continua viva nas boas lembranças, nas músicas que cantava e no amor que ensinou aos filhos e netos.
Magnólia nasceu em São Luís (MA) e faleceu em São Luís (MA), aos 86 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha e pelo neto de Magnólia, Irleide Maria Monteiro Machado e Luã Monteiro. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Isabela Andrade, revisado por Emerson Luiz Xavier e moderado por Rayane Urani em 10 de junho de 2021.