1931 - 2020
Com uma sensibilidade à flor da pele, chorava com facilidade, fosse uma notícia triste ou alegre.
Manel Basílio, como era chamado por todos, era pai de três filhos biológicos e de outros nove que ajudou a criar com sua segunda companheira.
Trabalhou com agricultura desde os 10 anos e, não fossem as inflamações na coluna e nos joelhos, seguiria trabalhando ainda mais tempo. Era um homem verdadeiramente trabalhador, um ótimo pai, amigo e vizinho.
Os que chegavam em sua casa eram sempre convidados a tomar um cafezinho. Todas as noites, sentava-se na calçada para apreciar o vaivém e para receber os que quisessem ouvir as histórias que gostava de contar.
Quando chegava janeiro, ficava ansioso para ver os conterrâneos que regressavam à cidade para assistir ao novenário de São Sebastião, o santo padroeiro ao qual Manoel era devoto.
Com certeza, o céu recebeu uma figura ilustre, de coração grandioso.
"Não tivemos tempo de lhe dar o último abraço, mas, onde estiver, sabemos que receberá nossas preces, nossas lembranças e, um dia, quando Deus assim permitir, vamos continuar aquelas histórias da calçada, que por ora hoje se encerram", diz a filha Elieth.
"Que Deus e a espiritualidade recebam um dos anjos que aqui nos protegeu!", finaliza a filha.
Manoel nasceu em Encanto (RN) e faleceu em Encanto (RN), aos 88 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Manoel, Apolonia Elieth da Costa Rego. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de janeiro de 2021.