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Manoel de Sousa Pereira

1948 - 2020

Foi guardião do chafariz da cidade. Cuidava dele e também do cajueiro em frente à sua casa com zelo e amor.

Seu Manel. Assim era conhecido e querido por todos do bairro Araturi, na cearense Caucaia. Impressionava a todos com seus conhecimentos, adquiridos através, unicamente, do rádio. Estava sempre mais bem informado do que aqueles que acessavam a internet.

Também era conhecido como o guardião do chafariz do bairro. Mantinha tudo limpo e organizado. Conta sua nora Suzana que “ele zelava pelo chafariz do bairro sem receber nada em troca. Apenas por zelo e cuidado. Quem tentasse se lavar ou ‘invadir’ o chafariz, ele expulsava”.

Seu Manel adorava ficar na calçada com os amigos, vendo o movimento da rua, e era de lá, ou do pé de cajueiro em frente à sua casa, que zelava pelo chafariz. Pelos cuidados e zelo com aquela fonte de água, recebeu até uma homenagem da prefeitura. Tinha sonhos grandes, como o de “ser rico e poderoso para mudar o Brasil”.

A família era seu bem mais precioso. Tinha uma relação muito boa com todos. Era “muito cuidadoso com os filhos, principalmente com o mais velho, que ele chamava de Yeyê”, relata Suzana.

Apesar do “estilo durão, de homem forte do sertão, o seu coração era de manteiga quando se tratava dos filhos, da esposa e da neta. A primeira neta, Geovana, era a vida dele”, conta a nora.

Uma falta grande esse guardião por natureza e opção fará aos amigos e familiares. Fica uma tristeza e uma ausência imensas ao pé do cajueiro e nas águas do chafariz.

“A covid-19 te levou da nossa presença, mas jamais dos corações de sua esposa, filhos, nora, genro e neta”, despedem-se seus entes queridos.

Manoel nasceu em Aquiraz (CE) e faleceu em Caucaia (CE), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela nora de Manoel, Suzana Sá de Oliveira Neta. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Míriam Ramalho, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 19 de setembro de 2020.