Sobre o Inumeráveis

Manoel Francisco Quadros Cruz

1955 - 2020

Gostava muito de estar reunido com as pessoas, prezando a união, o amor, e a confraternização.

Manoel morou em Balneário Pinhal por seis anos, sem água e sem luz, vivendo uma modalidade franciscana, podendo ser definido como alguém estoico. Portanto, ainda que vivesse em circunstâncias simples, o pouco para ele já era o bastante. O alto nível de sensibilidade que ele possuía ficava explícito em suas competências, tratando-se de um artista que pintava e esculpia. Além disso, também era uma pessoa extremamente sociável, indo com frequência na casa dos amigos, que possuía em grande quantidade. Em 2019, Manoel se mudou para Esteio para morar com a sua companheira e com o filho dela, Marlon, desenvolvendo com ele um forte laço, constituindo-se uma ligação paternal.

Nutria um interesse gigantesco por Filosofia e também era um universitário, enriquecendo o seu próprio repertório com educação do campo. Era um daqueles indivíduos que carregava um grande apreço pelo processo de aprendizagem, sempre buscando expandir os seus horizontes, especialmente no segmento filosófico do conhecimento. Em decorrência do seu alto nível de sociabilidade, gostava verdadeiramente de estar reunido com as pessoas em reuniões e festas, valorizando o amor acima de qualquer outra coisa.

Além de nutrir uma paixão de proporções gigantescas pelo que fazia, pela arte como uma das maiores potencialidades da humanidade e pelas suas próprias produções artísticas que eram responsáveis por motivá-lo, também evidenciava que o seu coração era fortemente preenchido por aqueles ao seu redor, carregando um grande afeto por todos aqueles que fizeram parte da sua trajetória. Por conta da sua perspectiva acerca do mundo em que estava inserido, também sentia afeição pelos ambientes em que passava e, sobretudo, pelo forte sentimento de união ao desfrutar de momentos especiais com os seus semelhantes. Manoel era alguém que vivia o momento presente, não pensando no dia anterior ou antecipando o amanhã, além de ficar buscando um sentido para a vida.

“O maior sonho dele era morar na Serra e construir uma casinha lá, ter o contato com as pessoas, mas viver no cantinho dele, em paz”, relembra Marlon, com carinho. O homem de natureza artística sempre desejou viver em um mundo mais justo, onde houvesse mais humanidade, ao constatar que o egoísmo e a ganância tratavam-se de elementos que se faziam fortemente presentes na sociedade. Porém, assim como transmitira para o seu filho de consideração, acreditava que a mudança necessária para se alcançar um mundo melhor começava pelos gestos das próprias pessoas que procuram esse aprimoramento.

Manoel nasceu em Esteio (RS) e faleceu em São Leopoldo (RS), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de consideração de Manoel, Marlon Henrique Oliveira Silveira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Matheus Ramos Pinto, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 12 de janeiro de 2022.