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Manoel José dos Santos

1958 - 2020

O "vovô-amor" de todos gostava de, em segredo, visitar lares de idosos e crianças, fazendo doações.

Veio de uma cidade pequena e sempre se emocionava ao falar de sua infância simples. Entristecia-se por nunca ter recebido um presente no dia das crianças.

Cresceu e foi para a capital, Maceió. Progrediu, teve sua oficina e uma loja de autopeças. Como forma de gratidão, retornava à cidade natal todo ano, no dia das crianças. Era um verdadeiro evento! Ele fazia uma confraternização e doava presentes, brinquedos e transformava a data em um dia diferente e feliz para as crianças que, como ele, não tinham oportunidades.

E assim, esse ser humano generoso, que amava a vida e ajudar o próximo, arrancava sorrisos das pessoas com seu jeito singular e simples.

Não é à toa que sua família tem um amor e um orgulho infinitos dele, como conta a sobrinha-neta, ao falar com paixão: "'Tio Neco' exalava amor, com ele tudo era sempre diversão... muito brincalhão e jovem. Um ser humano tão grandioso, que não consigo expressar em palavras. Só tenho a certeza de que o amor intenso e puro que ele tinha por nós era recíproco!"

Sr. Manoel tinha três filhos e quatro netos: Luisa, Sofia, Danilo e Emanoel. Para eles, ele era simplesmente o "vovô-amor". Completamente apaixonado pelos pequenos, se ele tinha um "defeito", era ser exagerado em fazer tudo que eles pediam. Brincava de qualquer brincadeira, comprava o que pedissem... às vezes, era até também "vovô-maluquinho".

"O que meu tio mais amava na vida era estar junto de sua família. Reunir todos, passear, viajar... Gostava de visitar novos lugares e sempre nos incentivava a fazer algo diferente. Preocupava-se em agradar, perguntando aos mais jovens, principalmente, se o lugar do passeio estava divertido ou queriam ir a outro canto", conta Amanda.

Esposo e pai dedicado, trabalhou bastante para dar o melhor à família e conseguiu. Sempre viajavam juntos e ele adorava ir, de carro, até Juazeiro e Natal, todo ano, com a família inteira. Seu irmão mais velho, que também o acompanhava nas viagens, foi ao seu encontro após 7 dias de sua partida.

Fã de manga, de piadas e de Zeca Pagodinho, dizia que "sua música" era "Deixa a vida me levar (...) sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu". É fácil entender o porquê de, qualquer um que o conhecesse, ser cativado pelo seu carisma. Era um desses sujeitos únicos.

"Tio Neco, nunca esqueceremos sua alegria de viver e seu amor. Dói pensar que é real, mas conforta saber que viveu intensamente ao nosso lado. Você sempre nos dizia: "Faça certo que não vai dar errado". Vamos acreditar nisso e te amaremos infinitamente", despede-se Amanda.

Manoel nasceu em Flexeiras (AL) e faleceu em Maceió (AL), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha-neta de Manoel, Amanda. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Denise Pereira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 22 de junho de 2020.