Manoel Silveira Gomes

1938 - 2021

Fluminense, criou raízes em terras capixabas. Mas a terra natal seguiu no nome, vida afora.

O local de nascimento, Campos dos Goitacazes, no Rio de Janeiro, acompanhou Manoel pela vida afora. Conhecido como Manoel Campista, tinha um sorriso largo, típico das pessoas “de bem com a vida”, que acumulavam planos e sonhos ao longo da existência. Vanessa, caçula – junto da gêmea Vânia – de uma família de dez filhos, é quem faz a homenagem ao pai em nome de todos. Ela resume Manoel como uma “pessoa otimista e muito positiva, sorridente, muito alegre e sonhadora. Além disso, ele também era muito bom em matemática, ótimo comerciante, amigo dos amigos e a referência de toda a família”.

Na infância, Manoel viveu com a mãe e três irmãos. Ele trabalhava com a mãe, que era solteira, na lavoura. O pai, Joaquim Gomes, homem muito conhecido na região por ter tido muitas terras e dinheiro, teve pelo menos 48 filhos registrados. Foi o pai quem o apelidou de Manoel Campanhão, forma como ficou conhecido na terral natal.

A família, Manoel construiu junto de Maria Vitória Henriques Gomes. Quando se conheceram, eram apenas duas crianças: ele tinha 14 anos – colhia café na terra da família de Maria Vitória, então com 8 anos. Depois se reencontraram quando ele tinha 19 anos e ela 13 anos, foi quando começaram a namorar. “De forma muito respeitosa – eles namoravam escondido. Quando casaram, na cidade de Presidente Kennedy, no Espírito Santo, os dois eram ainda muito jovens.

Foi em terras capixabas que Manoel e Maria Vitória criaram raízes, sendo que nos últimos trinta anos juntos moraram no balneário de Pontal do Ipiranga, praia de Linhares. Tiveram dez filhos, 21 netos e 12 bisnetos. “O pai sempre foi muito carinhoso e sempre esteve ao lado da família”, relembra Vanessa.

Uma das marcas que Manoel deixa é o amor por festas e celebrações. “Ele adorava aniversários e Natal. Em alguns Natais ele se vestiu de papai Noel. Ele amava organizar as ceias, decorar a casa, presentear as crianças e ver a família toda reunida. Nosso último Natal juntos foi o mais especial de todos. Ele organizou tudo e conseguiu reunir toda família. Ele estava muito feliz!”, sorri a caçula enquanto conta.

Além de gostar das festividades, porque significavam família reunida e dança pelo salão, o alegre e feliz Manoel também se interessava por pescaria. “Ele amava pescaria... tinha muitos materiais de pesca, tinha barco a motor”, recorda a filha mais nova. Nos acampamentos, ele envolvia todos na pesca “Quando ele era mais novo também gostava de andar a cavalo, jogar bola e ir para os bailes dançar, tanto que, no Espírito Santo, onde teve fábrica de farinha, trabalhou em lavoura e com fretes, chegou a construir em Guriri, na praia de São Mateus, um Club de festa e bailes. Tinha o nome de Bailão do Campista e fez muito sucesso na época”, conta Vanessa.

Manoel Campista, o vascaíno, amava o litoral. Com os filhos e Maria Vitória, costumava acampar. O lugar escolhido, que ele amava, era Costa Dourada, uma praia na Bahia. “Por uns 30 anos esse era nosso destino em férias. Ele liderava toda a programação”, recorda a caçula. Manoel gostava tanto de Costa Dourada que construiu uma casa no lugar. “Lá era o refúgio do pai”, resume a filha.

Manoel, o menino que teve mais de 40 irmãos, que pouco estudou e pouco conviveu com o pai, levou da convivência com a mãe e os irmãos a vocação para a felicidade e a alegria. “Quando pensamos no tio animado, no esposo cuidador, no pai protetor, no avô conselheiro, no amigo fiel e no bisavô afetivo, ele nos vem à mente. A saudade que deixa é tão grande quanto o amor que distribuiu e nos dedicou. Foi nosso pilar, nossa referência”, enfatiza Vanessa.