1925 - 2021
No auge de seus 80 anos e com a inocência de uma criança, teve a certeza de que o bom velhinho realmente existe.
Neco era o irmão mais velho de uma família sertaneja do interior potiguar. Com deficiência intelectual, viveu a maior parte da vida sob os cuidados do irmão mais novo em Nilópolis, no Rio de Janeiro, tendo em sua simplicidade sua maior força.
Botafoguense roxo, nunca perdia um jogo do Fogão pelo seu fiel rádio de pilha. Apesar de nunca ter aprendido a ler e a escrever, sabia na ponta da língua a pontuação de todos os times da tabela do Brasileirão. "Sempre que me via, perguntava sobre o Vasco e brincava dizendo que o Botafogo venceria o próximo combate entre os dois times", conta a sobrinha-neta Juliana.
Neco era um homem simples e tinha a inocência de uma criança que viveu 95 anos lúcidos e bem vividos. Certa vez, quando já tinha passado dos 80 anos, ao ver as crianças pedindo presentes de Natal ao Papai Noel, disse que não acreditava no bom velhinho. Foi quando seu sobrinho mais velho o convenceu a fazer um pedido também. “Uma enxada e uma chinela”, disse Neco. "Naquele dia, eu vi o sorriso mais sincero de um homem simples, com seus presentes na mão, dizendo: 'Papai Noel existe mesmo!'", relata Juliana. A partir daí, todo ano ele pedia um presente ao Papai Noel.
"Sentiremos muito a sua falta! Descanse em paz! Nós te amamos muito!", conclui a sobrinha-neta com carinho.
Manoel nasceu em Fernando Pedroza (RN) e faleceu em Nilópolis (RJ), aos 95 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha-neta de Manoel, Juliana Amorim Silva. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 20 de setembro de 2021.