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Marcos Fernando de Souza Lira

1955 - 2021

Estava sempre sorrindo, ajudando e brincando. Seu lema era "orai e vigiai".

Marcos Fernando nasceu em uma família humilde e, durante sua infância, passou por situações muito difíceis como, por exemplo, a fome.

Depois, teve a chance de estudar e ser aprovado no concurso da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), quando se mudou para trabalhar em Paulo Afonso, na Bahia.

Lá, Marcos Fernando se casou e teve duas filhas. Quando elas ainda eram pequenas, em uma viagem com a família, um grave acidente tirou a vida da esposa e da filha mais velha. Marcinha, de 4 anos, morreu nos braços de Marcos Fernando que, viúvo, teve que cuidar da filha Lucélia, de 1 ano.

Passado o tempo de luto, Marcos Fernando encontrou novamente o amor, casou-se e teve mais duas filhas: Danielle e Michelle.

Transferido para a Eletronorte, ele e a família mudaram-se para São Luís. Lá, Marcos Fernando fez muitos amigos. A filha Danielle conta que um amigo de quem ele sempre falava com carinho chamava-se Ferreira. Eles criaram um grupo chamado ‘amigos solidários’, que levava doações para os interiores, fazendo trabalho voluntário. “Meu pai ajudava a todos, sempre com um sorriso no rosto”.

Nessa época, Marcos Fernando já estudava a doutrina espírita de Alan Kardec. Segundo Danielle, o pai “se tornou um ser de luz. No espiritismo, ele encontrou as respostas que buscava. Fazíamos o Evangelho no Lar. Meu pai vivia rezando e agradecendo"!

Em Brasília, outra mudança realizada pela família, Marcos Fernando continuou com os trabalhos voluntários e com os estudos da doutrina espírita. “Ele se tornou palestrante na Federação Espírita de Brasília, dava passes, assistia a muitas pessoas e estava sempre sorrindo! Nunca parou de sorrir!”, relata a filha.

Além disso, ele era muito apegado à família. Amava os netos Julia, Bianca, Rafael e Laís. Gostava de brincar com eles na piscina da casa de Michelle e ajudar com a pequena Laís. Danielle lembra que “era só ligar para ele e falar ‘papai, vem ficar com Laís aqui em casa’, que ele já vinha com aquele sorriso, trocava fralda, dava banho... Ele dizia que Laís era uma missionária e que eles se conheciam de outras vidas!”

Sempre sorrindo, falando ou cantando músicas espíritas ou do frevo de Recife, Marcos Fernando parecia uma criança de tão animado! Até atacava as geladeiras das casas das filhas.

Outra paixão dele eram as cachorrinhas Schnauzer: Mel, o grude dele, e Belinha. Diariamente ele saía para passear com essas outras duas “filhas”.

Um pouco antes da pandemia, de tanto o neto Rafael pedir para ir à casa dos avós, Danielle e o marido João Paulo — genro querido de Marcos Fernando — decidiram morar em uma casa com os filhos e os pais. Não tiveram tempo para realizar esse projeto.

Mas esse ser de luz deixou muitas lições e um grande legado de amor: “Ele sempre falava que estávamos de passagem aqui na Terra, que só levaríamos as boas ações e nada mais! Que a matéria é o que morre, mas o espírito vive. Por isso, precisaríamos ser cristãos 24 horas por dia! Falava também que precisávamos ser gratos a tudo! Inclusive nos momentos de provações! Seu lema era ‘orai e vigiai’”, diz saudosa a filha Danielle.

A família acredita que, apesar da partida precoce de Marcos Fernando, “ele foi recrutado para ajudar!”, agora em outro plano.

Marcos nasceu em Recife (PE) e faleceu em Brasília (DF), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Marcos, Danielle Fernanda Mota Lira. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Denise Stefanoni, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 31 de maio de 2022.