Maria Amélia dos Santos

1930 - 2020

Melhor do que seus conselhos, só os bolinhos de polvilho que fazia pra família.

Maria Amélia era uma mulher de coração enorme, que soube transformar isso em generosidade, pois estava sempre disposta a ajudar. E como justo presente da vida, foi muito amada por todos.

Ela e seu companheiro de uma longa união feliz, Seu Ataíde, iam completar 72 anos de casados. Nesse próspero tempo criaram uma linda família, com dez filhos, sendo que cinco, infelizmente já falecidos, 21 netos e, que família grande: 30 bisnetos e tataranetos.

"Minha avó era uma pessoa muito especial e inesquecível. Ensinou muito a todos, desde os filhos até os bisnetos. Adorava cuidar da casa e era aquela mulher bem vaidosa, sabe? Que gostava de estar sempre arrumada, cabelos bem-penteados, de roupas novas... E pensa numa avó perfumada... Era a minha avó. Muito cheirosa!", conta Luciana Cristina.

A família da neta Luciana, de sua irmã e seus pais moram em São José do Rio Preto, cidade há quase 90 quilômetros de distância da residência dos avós. Eles os visitavam a cada quinze dias, e a ansiedade pela chegada desses encontros era só felicidade para o casal. Os filhos iam com mais frequência e sempre estiveram presentes, principalmente nos últimos anos, para dar a atenção que os pais necessitavam.

Nas reuniões familiares, Dona Maria gostava de dar conselhos aos filhos e sempre acabava arrancando boas risadas de todos. "Era uma delícia. Mas não mais que os bolinhos de polvilho que ela costumava fazer nesses eventos. Os melhores de todos!", entrega a neta.

Dona Maria passou a vida demonstrando seu amor ao eterno companheiro através de sua dedicação: seu cuidado e carinho com ele sempre foram notados por todos. Luciana diz que a família sempre pensou que o dia que um partisse, o outro iria logo em seguida. E não era só uma previsão, pois há mais do que fatalidades e doenças que justifiquem certos amores de se acompanharem além da vida. Assim, o mesmo amor que os uniu em vida, os uniu também em morte.

Eles foram notícia em jornais da cidade: "o casal apaixonado de Votuporanga que estava a caminho de fazer 100 anos juntos com muita alegria, teve o sonho interrompido pelo vírus". Seu Ataíde foi internado primeiro e, no dia de sua partida, Dona Maria piorou e precisou ser internada. Apenas três dias depois, ela partiu ao encontro de seu esposo.

"Foi muito triste não poder nos despedir. Mas ficaram muitas lembranças e saudades eternas", lamenta-se Luciana.

Seu avô e esposo de Maria Amélia, Ataíde Hermenegildo dos Santos, também faleceu por covid-19, com a diferença de poucos dias — e há uma homenagem para ele aqui no Memorial Inumeráveis.