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Maria Amélia Fagundes de Macedo

1937 - 2020

Só andava cheirosa. Quando chegava nas consultas, os médicos e enfermeiros sempre a elogiavam.

Essa é a história de uma avó que, além de gostar de viver rodeada pela família, era especialmente chorona. Muito emotiva, sempre que algum familiar vinha visitá-la, ela chorava e agradecia. Teve 11 filhos, 25 netos e "uns oito bisnetos, pelo menos, não tenho certeza", conta Aline, neta que mora em Maracanaú, próximo do Crato, e que embora tivesse até há pouco ao lado da avó, nas últimas semanas teve de se afastar para protegê-la "dessa doença aí", o que, infelizmente, não surtiu efeito.

Aline lembra que a vó tinha as pernas grossas como as suas e gostava de dizer que uma tinha puxado a outra. Sempre que ela chegava para uma visita, ou para levá-la a algum médico, a vó chorava sorrindo e dizia: "Só lembro do meu Quimquim quando eu olho pra você". Quimquim é Joaquim, avô de Aline e esposo de dona Maria Amélia, que faleceu há oito anos, debilitado pela idade e pela amputação de uma perna. Quando ele se foi, a família achou que Maria Amélia não aguentaria, mas ela seguiu firme. "Eles foram aquele casal perfeito, ótimos pais, ótimos avós, superatenciosos", diz a neta.

Nos últimos tempos, mesmo adoecida, Maria Amélia nunca deixou de assistir às missas. A vida toda, o que ela mais gostava era de ter os filhos por perto. Quando foi hospitalizada, dessa vez pela Covid-19, chamou pelo neto Marlon e pelo filho Cícero, que eram bem próximos dela, pois não se casou e passou a vida a cuidar do pai e da mãe, até o último momento.

"Minha avó era uma pessoa única, amável, era a nossa chorona. Vai fazer muita falta", finaliza Aline.

Maria nasceu no Crato (CE) e faleceu no Crato (CE), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.

História revisada por Phydia de Athayde, a partir do testemunho enviado por neta Aline, em 22 de julho de 2020.