1942 - 2021
Tinha a mania de guardar roupas novinhas e usar sempre as mesmas, e quando assistia suas novelas, esquecia-se do mundo.
Foi uma mulher muito decidida, forte, sempre disposta, uma conselheira nata, que sabia dizer qual o melhor caminho a ser seguido. Um coração que recebia a todos sempre sorrindo e que não sabia dizer não.
Disponível, estava pronta a acolher qualquer pessoa na sua casa, em qualquer dia e horário; e quando alguém anunciava uma visita ela era capaz de ficar esperando o dia todo.
Cearense do Crato, Maria Antonieta mudou-se para São Paulo com o marido, estabelecendo-se em Guarulhos. A vida de casada, que já não era nada fácil no Ceará — pois a sogra não apoiara a união — tornou-se ainda mais difícil ao lidar com o marido, vítima do alcoolismo. Ao falecer, ele a deixou com sete filhos menores, que ela criou e sustentou por meio de muito trabalho.
Tinha a mania de comprar roupas, perfumes e hidratantes e deixá-los guardados até vencerem o prazo de validade sem usá-los, doá-los e nem permitir que alguém os usasse. Quando questionada sobre esse seu hábito, respondia: “Um dia eu vou usar”. Assim, mesmo com roupas novas guardadas, vestia somente as costumeiras; quando rasgavam, ela ainda dava um jeito de costurar para aproveitá-las mais um pouquinho.
Quando saía a passear, gostava de andar apoiada no braço da acompanhante, enquanto, do outro lado, sempre havia as sacolas pesadas que costumava carregar.
Era evangélica praticante e temente a Deus, adorava falar de Jesus, e parecia ter a mesma devoção por suas novelas. Era seu passatempo preferido! Quando as estava assistindo, não dava atenção a ninguém. Às vezes dava uns cochilos e se alguém falasse para ela ir se deitar na cama, dizia não estar dormindo.
A neta, Cristina, conta sobre ela: "Ela foi muito importante e especial, como avó e como mãe. Fui morar com ela com 15 anos. Ela fazia um pão caseiro delicioso e um café único, que todos gostavam — filhos, vizinhos e netos".
Maria nasceu no Crato (CE) e faleceu em Guarulhos (SP), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Maria, Cristina de Almeida Santos. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 6 de março de 2023.