Maria Aparecida da Silva Soares

1957 - 2020

Dançar era sua paixão. Mesmo sem ouvir, ela sentia a música e bailava, plena e feliz.

Cidinha. Assim a conheciam e a chamavam desde criança. Sua vida foi uma sucessão de superações. Por ter nascido com deficiência auditiva, teve que se adaptar ao mundo dos "normais". Um de seus maiores desafios foi frequentar uma escola regular, onde aprendeu a ler e a escrever.

Sua filha Ana Caroline conta que "apesar de não saber se comunicar com palavras, ela se expressava muito bem por gestos".

Aprendeu a fazer crochê e pratos deliciosos. “O mais famoso era seu bolo de laranja, nunca mais comi um igual desde que sua saúde ficou debilitada”, diz a filha. Ela relata também uma história engraçada, da infância da mãe, contada por suas tias: “Elas contam que ela era brava quando era mais nova e teve vezes em que jogou frutas nas minhas primas só pra assustar”.

Aos 55 anos, alguns problemas de saúde a impossibilitaram de exercer várias atividades. Além da deficiência auditiva, passou a ter dificuldade para enxergar. Contudo, essas limitações não a impediram de reinventar sua vida. Suas crenças sempre lhe fortaleceram, assim como a presença constante de seus entes queridos na sua vida. Amava a família e todos a amavam.

Gostava tanto de dançar que o fazia a qualquer momento quando a música tocava dentro dela. O silêncio da casa era preenchido com o tocar dos seus pés no chão. "Ela adorava dançar em parzinho, para ficar animada", lembra Ana Caroline, e prossegue: "Teve uma vida de muito zelo por todos os que amava. Apesar de ter um gênio muito forte, sempre se doava."

Trabalhadeira ao extremo, quando decidiu se aposentar, "o chefe dela nem queria dar a carta", relata a filha, que expressa sua saudade: "Hoje é a minha maior estrela, está lá no Céu!"