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Maria Aparecida Ramos

1967 - 2020

Fã de Ariano Suassuna, Cida não cansava de se encantar com as peripécias de João Grilo e Chicó.

Cida foi bancária de profissão, e uma sonhadora por vocação, amava ouvir canções antigas - dos anos 90 -, viajar ao interior, e assistir a filmes brasileiros, em especial "O Auto da Compadecida". Toda sexta-feira Cida revia a película na companhia de sua filha Claudjane, não importava que já a tivessem assistido mais de mil vezes.

Nunca foi casada e era apaixonada pelos filhos: Claudjane e Claudionor. Exibindo bom-humor e alto astral, estava sempre disposta a ajudar o próximo e cuidar do bem estar de todos. Sua maior virtude era ter a felicidade estampada no rosto, felicidade e beleza que eram reflexo de sua alma gentil e amorosa.

"Mãinha foi uma mãe parceira e apoiadora dos meus ideais.", conta Claudjane. As noites de sexta-feira sempre eram as mais especiais: recheadas de rodadas de pizza à luz de velas, risadas e conversas diversas. Mãe e filhos passavam muitas noites cozinhando juntos. Aos sábados pela manhã, especialmente, faziam tortas para saborearem no final de semana. "A conexão em fazer o alimento com quem se ama é maravilhosa.", relembra a filha.

Cida organizava e contribuía com doações para a comunidade, ajudando a todos com o que podia, da forma que podia.
"Uma vez ela colocou uma senhora que estava com fome lá em casa pra jantarmos todos juntos.", conta orgulhosa Claudjane.

"Eu amava as mãos da minha mãe. Antes de partir ela me pediu que tirássemos uma foto de nossas mãos juntas. É que eu sou fotógrafa."

Cida Ramos, como era chamada por todos, era amor, compaixão e gratidão. Esbanjava afeto por todas as pessoas com quem conviveu e por todos os lugares por onde passou!

"Em homenagem à minha mãinha fiz uma tatuagem com as palavras que ela sempre me dizia: 'Tenha coragem!'. Isso me fez crescer e me tornar a mulher que ela queria que eu fosse."

Maria nasceu em Palmeira dos Índios (AL) e faleceu em Maceió (AL), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Claudjane Ramos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ana Macarini, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 4 de agosto de 2021.