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Maria das Graças Beltrão Mulatinho

1948 - 2020

Formada em administração e com Pós-doutorado em determinação, princípios e amor pela família.

Dona Maria das Graças, conhecida pelos amigos como Gracinha, poderia ser considerada uma pessoa de exatas. Formada em administração, dedicou a vida profissional à área financeira. Organizada, metódica, funcionária da Secretaria Estadual da Saúde, de onde se aposentou em 2008, mas, nem por isso, deixou de trabalhar.

Se, profissionalmente ela era de exatas, na vida, fora do trabalho, era humana até o último fio de cabelo; que, aliás, estava sempre muito bem-tratado, já que era uma mulher vaidosa e que gostava de estar sempre “nos trinques”.

Uma mãe exemplo, que lutou para que as suas duas filhas, Roberta e Juliana, conquistassem seu espaço. Para ela, nada podia atrapalhar os estudos das meninas. Casada com seu Roberto, com quem teve as filhas já citadas acima, que lhe deram dois netos: Luiz Felipe e Iracema. Tinha também um neto peludo, o cachorrinho, que atendia pelo nome de Pingo, mas que era chamado por ela de "Gordo".

Uma de suas paixões era ir com a família para a casa da praia, em Porto de Galinhas, sentir a brisa e o calor do sol à beira-mar, apreciando um ensopadinho de aratu com cerveja gelada. Outra coisa indispensável na casa da praia, era o churrasco com a família. Neste momento, não havia lugar para números e nem lógica, só alegria.

Também adorava viajar. Conheceu Fernando de Noronha, em companhia da filha Roberta, com quem dividiu o quarto da pousada. Lá, tiveram inúmeras conversas... daquelas de varar noites.

Realizou os sonhos de “voltar a Europa antes de morrer”, como sempre repetia, e de ver a neta mais velha, Iracema, filha de Juliana, ingressar na universidade.

A preocupação com a Covid-19 sempre foi dirigida ao seu Roberto, que era diabético. Neste período, em que o vírus já estava agindo, ele teve que sofrer pelo menos três intervenções cirúrgicas, devido a sua condição. Mas a vida não é exata como os números que a dona Maria das Graças costumava lidar. Foi ela quem acabou sendo contagiada e não resistiu.

Antes de partir, com seu jeito prático, preocupada com a família, chamou a filha e informou todas as senhas das contas bancárias. Era o seu jeito exato de ser humana e calorosa.

Maria nasceu em Recife (PE) e faleceu em Recife (PE), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Roberta Beltrão Mulatinho. Este texto foi apurado e escrito por Fabio Victoria, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 11 de julho de 2020.