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Maria dos Prazeres Teodoro da Rocha

1952 - 2021

O seu passeio preferido era ir a supermercados; sabia o preço de todos os produtos em diferentes lojas.

Nascida no interior alagoano, ela era a caçula de nove irmãos. Foi criada pelo avô paterno e sua esposa. Mudou-se para Neópolis há cerca de quarenta e cinco anos, cidade sergipana onde todos a conheciam como Dona Prazeres. Um poço de paciência e sabedoria. Tinha uma paciência nunca vista e no coração, um amor gigante.

Casou-se com Seu Antônio, com quem dividiu cinquenta anos de vida. Um amor tão forte, que ele partiu quatro dias após Dona Prazeres, também vítima da Covid-19.

Foi mãe biológica de dois meninos e o primeiro só veio depois de quatorze anos de muita expectativa. Mais tarde criou também uma menina, e com seu enorme coração, acolheu muitos outros.

Uma mãe dedicada, uma avó doce, que fazia as melhores comidinhas. A mesa era sempre farta. Amava cozinhar para os filhos e netos, e era dona dos melhores temperos. "Que saudades do feijão tropeiro, da canjica, do mugunzá" relembra com carinho a nora, Deyse. "Também era amante de séries policiais e seu programa preferido era perambular pelos supermercados".

Dona Prazeres foi a melhor avó que todos poderiam ter tido, sempre resolvendo tudo na base da conversa. Teve quatro netos, e já sonhava com uma netinha quando Deus a agraciou com Laura, com quem conviveu por seis intensos meses. "Hoje, quando olhamos para Laura, nós a vemos: ela é a cópia fiel da avó", diz Deyse.

Maria nasceu em Igreja Nova (AL) e faleceu em Neópolis (SE), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela nora de Maria, Deyse dos Santos Pinheiro. Este tributo foi apurado por Larissa Reis e Ana Helena Alves Franco, editado por Mariana Nunes, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 13 de setembro de 2021.