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Maria dos Santos Corrêa

1938 - 2020

Amou intensamente; a Deus e ao próximo. Perdoou até quem não lhe pediu perdão.

A filha mais velha do primeiro casamento de seu Antônio Santos, sempre teve um papel importante dentro da família, incluindo-se aí os irmãos por parte de pai. Ancelmo Santos, filho do segundo casamento de seu Antônio, lembra-se da irmã com carinho: “A nossa relação era muito harmoniosa. Ela era muito ‘amigueira’ (...) Por ser a mais velha, eu a considerava até como minha mãe. Chamava de 'mãe'. Falava: ‘Bença, mãe Maria'. Assim eu a chamava. A gente tinha essa admiração e esse aconchego por ela.”

Para os netos, ela foi um porto seguro. Na opinião de Elayne Raquel Corrêa Bastos, conhecida como Nany, dona Maria foi tanto mãe, quanto avó e amiga, disciplinadora e ajustadora. Prontificava-se a ajudar os outros, mesmo em tarefas tão simples como o descascar de uma laranja. “Minha avó só sossegava quando todos estivessem servidos e satisfeitos. Bondade era uma qualidade gritante nela. Eu vi várias vezes pessoas que fizeram mal para ela, seja física ou psicologicamente, serem perdoadas sem ao menos pedir desculpas e, foi assim, que fomos criados por ela”. Para Nany, amor e respeito sempre vinham em primeiro lugar na vida da avó.

Thiago Prata também foi cuidado por dona Maria, quando seus pais estavam fora, a trabalho. Sua lembrança da avó é a de uma mulher carinhosa, atenciosa e preocupada com tudo e com todos. “Sempre pareceu que ela tinha um sexto sentido para saber quando as coisas não estavam indo bem”, diz. Tanto ele, quanto sua prima Nany e seu tio Ancelmo, lembram-se dela como uma mulher temente a Deus. Adventista, fez parte da tesouraria de sua igreja, como voluntária, por nada menos que 28 anos; tendo ainda assumido a função por mais 5 anos em outra igreja. Para além da família, adotou também pastores e membros de suas igrejas como “filhos”.

Um acidente deixou dona Maria com a saúde fragilizada, o que segundo Ancelmo, pode ter contribuído para que ela viesse a ser contaminada, no contexto da pandemia. Apesar de ter recebido alta do hospital, acabou retornando apenas alguns dias depois, infelizmente não resistindo. Mesmo com tristeza e saudade, seus familiares reconhecem o legado que ela deixou para quem a cercava. Legado de mulher serva de Deus e cristã exemplar.

Thiago afirma, com orgulho: “Sou muito grato por poder ter passado os meus 22 anos de vida bastante próximo de minha avó, usufruindo de toda sabedoria e exemplos que ela poderia me dar e tendo a certeza que consegui devolver um pouquinho da alegria que ela me proporcionava.”

Maria nasceu em Estância (SE) e faleceu em São Cristóvão (SE), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo amigo de Maria, Vinícius Oliveira Rocha. Este tributo foi apurado por Thyago Soares, editado por Noêmia Maués, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de junho de 2020.