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Maria Elzenir Chagas Farias

1940 - 2020

Ensinou na prática o que é empatia e solidariedade.

Ela deixou uma lembrança saborosa na memória afetiva de muitas crianças hoje adultas: o bolo da tia Didi. Funcionária do Sesc Iparana, hotel ecológico e colônia de férias no litoral cearense, Maria Elzenir era a “tia Didi” inclusive de sobrinhos que a adotaram.

A um deles (este também biológico), Fernando, ensinou “o quanto é importante encher garrafas secas de água na geladeira: isso se chama senso de responsabilidade e empatia”. Memórias de gestos pequenos, mas repletos de significados afetivos: “Ela foi tão vital, necessária e marcante quanto aquela perfuração no ‘cartãozinho rosa’ que usávamos para acessar as refeições na colônia de férias do Iparana”.

“Católica fervorosa”, Elzenir “sempre ajudaria aquele que estivesse mais necessitado”, se trabalhasse em algo diferente – diz o filho Geovanny. Não por acaso, sua canção predileta era “Oração pela família”, do padre Zezinho. Também não por coincidência, seus principais educadores foram seus pais: Raimundo e Stella. E seus maiores prazeres eram reunir-se com os familiares, sempre às sextas-feiras e aos domingos, e viajar.

Elzenir adorava uma carne de ovelha, usava cores claras, tinha dificuldade para dormir em longas viagens de ônibus, preferiria ser um pouco mais alta, admirava pessoas alegres e comunicativas, detestava as autoritárias e sonhava com “um mundo mais solidário, com menos pessoas passando necessidades”, relata o filho.

Maria nasceu em Morada Nova (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado respectivamente pelo filho e pelo sobrinho de Maria, Geovanny Chagas Farias e Fernando Costa. Este tributo foi apurado por Carla Cruz, editado por Joaci Pereira Furtado, revisado por Joaci Pereira Furtado e moderado por Rayane Urani em 29 de agosto de 2020.