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Maria Euzébio da Cunha

1941 - 2020

Uma mulher de força que venceu todas as dificuldades da vida.

Dona Maria foi dos filhos, dos netos, dos bisnetos e da labuta diária daqueles que constroem tanto que nem sentem. Incansável, trabalhou na roça, em casa, em uma creche, sem nunca reclamar dos problemas que enfrentava.

Filha da italiana Ida Lezzier, tinha em suas veias a mesma força e a coragem que impulsionaram o seu avô a fugir da guerra na Itália e a enfrentar todos os obstáculos para chegar ao Brasil com sua esposa e os filhos.

Mesmo sem saber ler e escrever, Dona Maria teve a sabedoria necessária para criar uma família enorme e deixar muitos ensinamentos. Com o senhor Zezé, já falecido, teve dez filhos. Teve, também, a ideia de homenagear a sua mãe colocando em quase todas as filhas nomes iniciados pela letra “I”. É o caso de Inês, Ivani, Irani, Ivana, irmãs de Valdir, Antônio (in memorian), Valdemir, Silvanice (in memorian), Cleide (in memorian) e Cleusa.

Amava seu lar, sua família e sempre foi muito preocupada com o próximo. Não hesitou em cuidar do neto, à época com 8 meses de idade, quando sua filha Cleide falecera de câncer. Para ela, desistir nunca foi uma opção. Dona Maria sempre esteve presente, forte, passando segurança e confiança aos seus.

Mulher de fibra, respeitada e admirada, gostava de ir à igreja, assistir aos programas evangélicos e novelas. Fazia "o melhor pão do universo", como descreve sua neta mais velha, Viviane, a que envia esta homenagem e a única que não lhe deu bisnetos.

Dona Maria acreditava no amor e teve pretendentes depois de enviuvar. Ela nunca desistiu de amar e ser amada novamente, mesmo com os empecilhos por vezes criados pelos filhos.

Viviane lembra-se com saudades da infância e dos domingos passados, religiosamente, na casa da avó. Com orgulho, faz questão de recordar que, em uma das últimas visitas à sua casa, a avó lhe disse que, apesar dela se parecer fisicamente com a família do pai, seu coração, seu jeito haviam sido herdados de Inês, a sua filha mais velha.

O presente que a avó deu para Viviane pelo seu aniversário ainda não foi aberto. Mas, ao abri-lo, Viviane, terá mais uma lembrança de sua avó querida, de quem nunca irá se esquecer.

“Nossa última conversa, ela se despediu de mim dizendo: 'Deus te acompanhe'”, conta Viviane.

Que Deus te acompanhe também, Dona Maria. Receba agora o abraço de seus pais, do Sr. Zezé, de suas filhas que partiram e de todos que te amam e seguirão amando por toda a eternidade.

Maria nasceu em Guararapes (SP) e faleceu em Birigui (SP), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Maria, Viviane Alvarenga. Este tributo foi apurado por , editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Josué Seixas em 18 de agosto de 2020.