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Maria Hilda de Santana Santos

1966 - 2021

Mesmo quando não se sentia bem, o seu bom humor amenizava qualquer sentimento ruim.

Esta é uma carta aberta de Danilo para sua tia Dilma.

Uma carta para o Céu.

Maria Hilda, a tão amada tia Dilma, era uma pessoa de riso fácil. Seu jeito simples e honesto conquistava a todos com uma espontaneidade sem igual. Impossível falar com ela e não sorrir.

Precisou ser forte e foi! Perdeu a mãe logo cedo e passou se doar ininterruptamente a todos que precisavam de ti. Cuidou de seu querido pai com um zelo especial até perdê-lo, poucos meses antes de partir. Foi mãe de seus sobrinhos enquanto sua irmã se recuperava de um acidente. Abraçou seu irmão mais novo todas as vezes necessárias e o apoiava como uma verdadeira mãe faz. Ela nunca mediu o amor. Talvez nem tivesse consciência de que amava tanto. Vivia dizendo que não amava ninguém, entretanto a gente sempre o sentiu. Dávamos gargalhadas todas às vezes que dizia não se importar ou não sentir saudades.

Dilma era amor genuíno! Foi mãe presente e nunca mediu esforços para ver suas filhas bem e protegidas. Cuidou delas como duas princesas que são. Sei que continuará cuidando aí de cima! Deixou, também, como exemplo uma linda história de amor. Ela e Edinho viveram um casamento longo e estável. A cada gesto de carinho e cuidado percebíamos o quanto se amavam. Ele muito amoroso e dedicado: “Minha gordinha” era a frase mais doce e aconchegante que ela ouvia constantemente todos os dias.

Partiu um pedaço de nós, contudo seguiremos por ela! Agora descansou e deve estar ao lado de seus queridos pais. Eu precisava gritar o amor que nos transmitiu. Vi a grandeza de minha tia em cada lágrima dos vizinhos na porta de suas casas. Da moça que vendia o leite ao vizinho que jogava dominó com ela na varanda. Todos tristes e perplexos com a situação, mas cheios de gratidão pela oportunidade de tê-la em suas vidas. Levaremos todos os bons momentos eternamente em nossos corações! Precisava escrever que te amo! É como se de alguma maneira estivesse escrevendo esta carta para te entregarem aí no Céu.

Maria nasceu em Simão Dias (SE) e faleceu em Lagarto (SE), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo sobrinho de Maria, Danilo de Santana Moura. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Danilo de Santana Moura, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 19 de abril de 2022.