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Maria José da Silva Martins

1934 - 2021

Mostrou que nunca é tarde pra voltar a estudar, viajar e dançar.

A infância difícil, com muitos irmãos e poucas condições financeiras, acabou por separá-la muito cedo dos pais. Foi morar com uma tia, em São Paulo — um grande choque cultural para quem saiu do interior do Paraná. Felizmente, uma de suas irmãs também foi para São Paulo, morar com outro parente, o que atenuou o impacto dessa circunstância e favoreceu a proximidade entre elas: as duas foram muito próximas até o final de suas vidas.

Quando mais velha, a tia acabou levando-a de volta para os pais — outro choque para quem já tinha se habituado à cidade grande. Nesse tempo em que retornou para sua cidade natal, passou a trabalhar como telefonista e também conheceu Pando Martins, com quem mais tarde se casaria. Tiveram três filhos: dois meninos e uma menina. Um dos meninos faleceu logo ao nascer.

Maria José era muito dedicada à família. Os dois filhos formaram-se, ele em Engenharia Civil, ela em Farmácia. Teve quatro netos e dois bisnetos, que tiveram a sorte de conhecê-la. Ajudou a filha a criar os netos, e pôde vê-los crescer e até casar. Amava-os demais.

Em São Paulo teve muitas amigas, com as quais frequentava o Guarujá e muitas festas. Ficou viúva aos 64 anos, depois de passar um longo período cuidando do esposo, que se tornou dependente dos cuidados dela.

Depois de viúva, frequentou uma universidade da terceira idade, fez amigos e viagens. Ia a bailes todos os sábados e amava dançar. Era plena de vida. Ir à missa também era um de seus compromissos semanais. Ela era uma companheira fiel para todas as horas, o porto seguro da família.

Maria nasceu em Catanduvas (PA) e faleceu em Ponta Grossa (PA), aos 87 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Maria, Selma Martins Kravutschke. Este tributo foi apurado por Ana Helena Alves Franco, editado por Raphaela Medeiros, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 16 de novembro de 2021.